quinta-feira, 11 de abril de 2013

GOLPE MILITAR: 49 ANOS DE UMA AÇÃO QUE MUDARIA A HISTÓRIA DO BRASIL

No dia 31 de março de 1964, apoiado por forças civis, um golpe de Estado realizado pelas forças armadas encerrou o governo do então presidente João Goulart. Iniciava-se o regime militar no Brasil.

O governo reformista de Jango, herdeiro das ideias de Estado de bem-estar social de Getulio Vargas, pautava-se por três estratégias fundamentais: nacionalização da economia, ampliação do corpo político da nação (abrindo espaço para formação de sindicatos e Ligas Camponesas), e a reforma agrária. Dessa forma, ao longo do governo e das mudanças que o então presidente pretendia colocar em prática, se propagou a ideia, por parte de seus opositores políticos e em especial pelas forças armadas, que havia uma tentativa de implementação do comunismo no Brasil, criando assim, uma atmosfera propícia para o apoio de parte da sociedade civil contra tal “intenção”, dando legitimidade e respaldo social para o Golpe. Foi implantado no Brasil um governo anticomunista e anti-reformista, baseado numa política desenvolvimentista e não distributiva.

Com o golpe, as esquerdas ficaram socialmente isoladas, uma vez que se tornaram inimigos da nação, disseminando-se uma crise sem precedentes de representação dos partidos tradicionais de esquerda dentro da ordem institucional. Sendo assim, qualquer atividade que fosse considerada comunista era de caráter subversivo e deveria ser punido.

Logo nas primeiras semanas no regime ditatorial, percebe-se sua influência e ação em Ouro Preto. No livro de Atas de Sessões da Câmara de 1960-1964 de Ouro Preto, pode-se notar na reunião de 29 de abril de 1964, o respaldo político que o regime militar encontrava nesta cidade, e de como não poderia existir representação esquerdista dentro do governo.

No citado documento, alguns vereadores da Câmara de Ouro Preto são presos (ou são fugitivos) em Belo Horizonte por “práticas comunistas”. Tal fato gera um grande debate sobre as “práticas subversivas”, herdeiras do governo deposto, e qual a posição que os vereadores deveriam tomar com relação a essas prisões.

Há uma ampla explanação sobre os benefícios do, então, atual governo militar, e intensa crítica aos apoiadores das idéias difundidas no governo de Jango, desqualificando suas práticas - tidos como adoradores de práticas anarquistas e violadores do bem da coletividade.

Ao final da reunião extraordinária, aprovado por unanimidade, o presidente da Câmara decide promulgar a resolução de cassação dos mandatos dos vereadores acusados. Dessa forma, pode-se notar a ampla difusão da opressão gerada pelo regime militar.

 
APMOP - Livro 01592 - Ata de Sessão da Câmara - 1960-1964

No dia 27 de abril de 1964, o delegado de polícia de Ouro Preto, entregava em mãos do presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto a lista de nomes de pessoas que haviam sido presas “por terem sido acusados de comunistas, agitadores e simpatizantes do partido vermelho” e outra listagem de acusados que se tornaram fugitivos.
 
APMOP – Série: Governo – Sub-série: Verança - 1960-1966

 Em seguida, no dia 29 de abril de 1964, a Escola de Minas de Ouro Preto, envia uma correspondência ao prefeito José Benedito Neves, informando ter montando uma comissão para apurar os atos de indivíduos contra as determinações do Art.º 8 do Ato Institucional I. Na correspondência verifica-se o nome dos componentes da comissão e o Artº8 do AI:
 
APMOP – Série: Governo – Sub-série: Verança - 1960-1966 

A Escola de Farmácia, em maio, também apresenta uma correspondência ao prefeito municipal, informando já ter montado a comissão responsável pelos inquéritos de ações contra Artº8 do AI, e anexa uma lista com todos os membros que fazem parte da escola, pedindo informar caso algum desses indivíduos, faça parte de algum movimento de desvirtuação do regime instalado.


 
APMOP – Série: Governo – Sub-série: Verança - 1960-1966

No telegrama do prefeito municipal de Ouro Preto, José Benedito Neves, ao prefeito de Belo Horizonte, Jorge Carone, o primeiro se posiciona contra a realização do Congresso Comunista que aconteceria em Belo Horizonte.
 
APMOP – Série: Governo – Sub-série: Correspondências - 1964


O jornal, “O Combate”, de Juiz de Fora – MG, era de propriedade do jornalista Djalma Medeiro que mandava os distribuir gratuitamente entre trabalhadores e ferrovias brasileiras. Esta publicação tinha como objetivo circular idéias anticomunistas, mas, para que isto acontecesse eram necessárias doações para arcar com as publicações, como nos é mostrado na correspondência abaixo:
 
 APMOP – Série: Governo – Sub-série: Correspondências - 1964 


O regime militar contou com vários meios de comunicação para difundir suas ideias, conseguindo atingir um grande número de adeptos que por sua vez contribuíram com valiosas informações para a propagação iníqua do regime.









REFERÊNCIAS
___________________
APMOP - Fundo: PMOP - Livro 01592 - Ata de Sessão da Câmara - 1960-1964 - p.195-198 - 29 de abril de 1964
APMOP - Fundo: PMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixa - 1960-1966
APMOP - Fundo:PMOP - Série: Governo - Sub-série: Correspondências - Caixa - 1964
[Postagem: Vanessa Pereira Silva e Samantha Blazizza (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]











segunda-feira, 25 de março de 2013

COMPROBATÓRIOS DE GASTOS PÚBLICOS: MEMÓRIA DO COMÉRCIO EM OURO PRETO

Nos documentos da Série-Fazenda do Fundo Câmara Municipal de Ouro Preto encontramos documentos de arrecadação da Câmara, balancetes de receita e despesa e comprobatórios de receita e despesa. Dentre os últimos, acham-se comprobatórios de compras e pagamentos feitos pela Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP).

Os comprovantes de pagamentos encontrados nesta documentação aparecem de formas variadas. Alguns são simples documentos feitos à mão e assinados pelas partes, outros se tratam de recibos personalizados, emitidos pelos comerciantes.

Constam recibos das casas de papelaria, lojas de peças para automóveis, mercados de secos e molhados, dentre outros tipos de comércio que utilizavam estes documentos para declarar ter recebido da Câmara, o que ali era especificado.

Tanto para a CMOP, quanto para os comerciantes com os quais negociava, a entrega destes recibos era de extrema importância. Para a Câmara; os recibos e os documentos de arrecadação eram à base dos balancetes mensais ou anuais, justificando os gastos, apresentando os resultados e aprovando as contas. Para o comerciante era um controle de pagamentos, mas, também da saída de produtos que eram especificados a cada venda. 

Abaixo temos exemplos dos recibos que podemos encontrar no nosso arquivo. O primeiro a ser apresentado é um recibo simples, de uma professora, que confirma ter recebido seu pagamento. Recibos como estes geralmente tem referência a serviços prestados por pessoas físicas.

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904

No próximo recibo, consta o recebimento pela “Estrada de Ferro Central do Brasil”, a quantia de 27$300,00 (vinte sete mil réis e trezentos), pelo transporte de uma barra de ferro.

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1893

Na construção do mercado do caminho novo, a casa “Brasiliense e Ferreira”, que dispunha de venda de ferragens, armarinho, armas e outros artigos, forneceu à Câmara pregos, vigas e fechaduras, totalizando o valor de 18$000,00 (dezoito mil réis).

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1896

“Painhas e Irmão” era um comércio de venda de objetos variados e alimentos. A CMOP pagou por milho e caixas de querosene, num total de 49$200,00 (quarenta e nove mil e duzentos réis). O recibo também funcionava como informação sobre os demais itens que eram vendidos, observe.


APMOP – Série: Fazenda–Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904  


Neste próximo recibo, eles vendem cimento para os serviços de água e esgoto a serem realizados pela Câmara.
APMOP – Série: Fazenda–Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904 


A “Livraria e Papelaria Castro e Costa”, recebeu da Câmara por um litro de tinta inglesa Stephens por 8$000,000 (oito mil réis).
APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904

No fornecimento de materiais para o serviço de obras públicas e limpeza da cidade, a “Oficina de Carros – Pedro Poch”, também ofereceu seus produtos, totalizando um recebimento de 69$100,00 (sessenta e nove mil e cem réis).



APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

O “Club Musical Santa Cecília” de Ouro Preto, também apresentava recibo pelos pagamentos de suas apresentações, que custaram 50$000,00 (cinqüenta mil réis).



APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

Neste recibo, foi pago ao Sr. Saturnino de Oliveira, a quantia de 52$400,00 (cinqüenta e dois mil e quatrocentos réis), pelo fornecimento de medicamentos da sua farmácia para tratamento de varíola na Serra do Siqueira. Este tratamento era pago pela CMOP. A farmácia se chamava, “Farmácia e Drogaria Nogueira”.
APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908


 A “Companhia de Luz Elétrica Ouro-Pretana”, assinava os recibos de acordo com os valores, pois eles já vinham com os serviços pré-determinados. Este é referente a fornecimento de energia durante um mês.


                                                     APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

Além de observar valores, objetos vendidos e serviços prestados, os recibos nos fornecem outras várias informações como o nome do proprietário do comércio, o responsável pelos pagamentos em nome da CMOP, os endereços dos prédios comerciais, as políticas públicas realizadas pela administração municipal em sua relação direta com as demandas sociais existentes e a execução do orçamento, enfim, oferecem um leque de informações sobre esses processos de compra, venda e pagamento e o que se envolve com estes trâmites.






REFERÊNCIAS
_____________________________________________________________________________________________________________________
Arquivo Público Municipal de Ouro Preto - APMOP - Série: Fazenda - Sub-série: Comprobatórios de receita e despesa, 1893, 1896, 1904, 1908. 
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]

COMPROBATÓRIOS DE GASTOS PÚBLICOS: MEMÓRIA DO COMÉRCIO EM OURO PRETO

Nos documentos da Série-Fazenda do Fundo Câmara Municipal de Ouro Preto encontramos documentos de arrecadação da Câmara, balancetes de receita e despesa e comprobatórios de receita e despesa. Dentre os últimos, acham-se comprobatórios de compras e pagamentos feitos pela Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP).

Os comprovantes de pagamentos encontrados nesta documentação aparecem de formas variadas. Alguns são simples documentos feitos à mão e assinados pelas partes, outros se tratam de recibos personalizados, emitidos pelos comerciantes.

Constam recibos das casas de papelaria, lojas de peças para automóveis, mercados de secos e molhados, dentre outros tipos de comércio que utilizavam estes documentos para declarar ter recebido da Câmara, o que ali era especificado.

Tanto para a CMOP, quanto para os comerciantes com os quais negociava, a entrega destes recibos era de extrema importância. Para a Câmara; os recibos e os documentos de arrecadação eram à base dos balancetes mensais ou anuais, justificando os gastos, apresentando os resultados e aprovando as contas. Para o comerciante era um controle de pagamentos, mas, também da saída de produtos que eram especificados a cada venda. 

Abaixo temos exemplos dos recibos que podemos encontrar no nosso arquivo. O primeiro a ser apresentado é um recibo simples, de uma professora, que confirma ter recebido seu pagamento. Recibos como estes geralmente tem referência a serviços prestados por pessoas físicas.

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904

No próximo recibo, consta o recebimento pela “Estrada de Ferro Central do Brasil”, a quantia de 27$300,00 (vinte sete mil réis e trezentos), pelo transporte de uma barra de ferro.

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1893

Na construção do mercado do caminho novo, a casa “Brasiliense e Ferreira”, que dispunha de venda de ferragens, armarinho, armas e outros artigos, forneceu à Câmara pregos, vigas e fechaduras, totalizando o valor de 18$000,00 (dezoito mil réis).

APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1896

“Painhas e Irmão” era um comércio de venda de objetos variados e alimentos. A CMOP pagou por milho e caixas de querosene, num total de 49$200,00 (quarenta e nove mil e duzentos réis). O recibo também funcionava como informação sobre os demais itens que eram vendidos, observe.


APMOP – Série: Fazenda–Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904  


Neste próximo recibo, eles vendem cimento para os serviços de água e esgoto a serem realizados pela Câmara.
APMOP – Série: Fazenda–Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904 


A “Livraria e Papelaria Castro e Costa”, recebeu da Câmara por um litro de tinta inglesa Stephens por 8$000,000 (oito mil réis).
APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1904

No fornecimento de materiais para o serviço de obras públicas e limpeza da cidade, a “Oficina de Carros – Pedro Poch”, também ofereceu seus produtos, totalizando um recebimento de 69$100,00 (sessenta e nove mil e cem réis).



APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

O “Club Musical Santa Cecília” de Ouro Preto, também apresentava recibo pelos pagamentos de suas apresentações, que custaram 50$000,00 (cinqüenta mil réis).



APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

Neste recibo, foi pago ao Sr. Saturnino de Oliveira, a quantia de 52$400,00 (cinqüenta e dois mil e quatrocentos réis), pelo fornecimento de medicamentos da sua farmácia para tratamento de varíola na Serra do Siqueira. Este tratamento era pago pela CMOP. A farmácia se chamava, “Farmácia e Drogaria Nogueira”.
APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908


 A “Companhia de Luz Elétrica Ouro-Pretana”, assinava os recibos de acordo com os valores, pois eles já vinham com os serviços pré-determinados. Este é referente a fornecimento de energia durante um mês.


                                                     APMOP – Série: Fazenda – Sub-série: Comprobatórios de Receita e Despesa - 1908

Além de observar valores, objetos vendidos e serviços prestados, os recibos nos fornecem outras várias informações como o nome do proprietário do comércio, o responsável pelos pagamentos em nome da CMOP, os endereços dos prédios comerciais, as políticas públicas realizadas pela administração municipal em sua relação direta com as demandas sociais existentes e a execução do orçamento, enfim, oferecem um leque de informações sobre esses processos de compra, venda e pagamento e o que se envolve com estes trâmites.






REFERÊNCIAS
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Arquivo Público Municipal de Ouro Preto - APMOP - Série: Fazenda - Sub-série: Comprobatórios de receita e despesa, 1893, 1896, 1904, 1908. 
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]

quarta-feira, 13 de março de 2013

INÍCIO DO FIM DA PRIMEIRA REPÚBLICA – TELEGRAMAS POLÍTICOS DA REVOLUÇÃO DE 1930

Durante a Primeira República, que vai desde a proclamação até 1930, o Brasil foi marcado pela liderança das elites rurais oligárquicas, que evitavam uma implantação industrial no país, mantendo o modelo agro-exportador (principalmente do café). No entanto, com a crise de 1929, o crash da Bolsa de Nova Iorque, essa economia brasileira não conseguiu se manter. Assim, se desencadeou a falência de vários setores de trabalho, quedas salariais e milhares de desempregos. As camadas populares sofriam sem políticas sociais e os setores emergentes como operários, classe média e militares não recebiam atenção.

A crise das oligarquias se entende neste contexto. Com as conseqüências da crise de 1929 para o Brasil, o então presidente paulista Washington Luís, estabeleceu o seu apoio à nova candidatura presidencial, ao seu conterrâneo, Júlio Prestes. No entanto, havia um acordo entre os latifundiários paulistas e mineiros sobre uma alternância no mandato presidencial, conhecida como a “Política do Café com Leite”, que foi quebrado. A insatisfação das oligarquias dissidentes fez com que Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba criassem uma chapa eleitoral, a Aliança Liberal, contra Júlio Prestes, tendo como candidato, Getúlio Dorneles Vargas, João Pessoa como vice. Tinham como propostas reformistas: o voto secreto, legislação trabalhista e desenvolvimento industrial. 



Sob um clima de tensão, Júlio Prestes saiu vitorioso nas eleições de 1º de março de 1930. No entanto, a Aliança Liberal se negou a aceitar os resultados e iniciou uma conspiração no Rio Grande do Sul (onde Getúlio havia tido 100% dos votos), estendendo-se a Minas Gerais. Em julho, João Pessoa foi assassinado e seu enterro no Rio de Janeiro provocou grande comoção popular, que foi o momento em que várias pessoas passaram a apoiar a conspiração.


No dia 03 de outubro de 1930, acontece o Golpe de Estado. Sob a liderança de Getúlio Vargas,  iniciaram -se ações militares a partir do Rio Grande do Sul e simultaneamente em Minas Gerais e na Paraíba. Estes que foram os principais estados da conspiração tinham comunicação entre si sobre os rumos do levante, conseqüências populares, número de mortos, etc. Uma das formas de circulação eram os telegramas. Nas principais cidades destes estados, esse meio de comunicação levava informações preciosas.

Pelos telegramas eram compartilhadas informações sobre as táticas tomadas pelos membros do levante como indica o seguinte telegrama de Belo Horizonte para o presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP) e suas coletadas (contribuintes).



Abaixo segue um telegrama do diretor dos correios, Carlos Salles, para o vice-presidente da CMOP, informando através de interceptações de rádio, sobre o desespero do Governo Federal diante da situação nacional, onde se verificaram assaltos a casas comerciais, obrigando o governo a tomar providências para alimentar a população revoltosa. Além de decretar estado de sítio e feriado nacional, o governo procurava organizar batalhões de emergência de forma violenta, como acusa o telegrama.



Neste telegrama do Presidente do Estado de Minas Gerais, Olegário Maciel, ao Presidente da CMOP e coletadas, são repassadas informações sobre os rumos do levante no Rio Grande do Sul que avança para São Paulo, informações sobre o norte do país e Minas Gerais onde a vitória do movimento era praticamente certa. O documento também informa sobre medidas a serem tomadas contra as resistências e sobre a situação do Governo Federal que se encontrava desorientado. 

O telegrama seguinte, de Olegário Maciel para o Presidente da CMOP e todas as estações próximas, informa sobre a rendição do 12º Regimento de Infantaria, derrotado pelos soldados da Força Pública do Estado de Minas, bem como informa sobre boas notícias vindas do norte e do sul do país.




Carlos Salles ficou responsável por várias comunicações que foram facilitadas pelo cargo que ocupava. Neste telegrama dele para o Presidente da CMOP e todas as estações próximas, ele informa sobre a derrota de tropas paulistas que invadiram o sul de Minas, em Passa Quatro, sobre prisioneiros que fizeram, sobre mortos e feridos e sobre armamentos apreendidos. A cidade baiana de Carinhanha foi ocupada pelas forças do levante após muita resistência.


Assim, o telegrama se torna uma forma de comunicação entre os membros da conspiração, transmitindo informações necessárias e importantes.

No dia 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto por militares de alta patente e neste momento o país foi comandado por uma junta governativa, formada por militares e constituída por generais.







REFERÊNCIAS 
__________________________________________________________________________________________________________________________________

AMORIM, Antonio Carlos Bellini (Ed). Revoluções brasileiras = Brazilian Revolutions. Textos e pesquisa histórica e iconográfica de Cinthia Anhesini, Fotografias de Eduardo Tavares. São Paulo: Bellini Cultural, 2009. p. 86-

APMOP – Fundo – CMOP – Série: Governo – Subsérie: Vereança – Caixa 1930-1932 – Pasta 5 - Telegramas Políticos da Revolução de 1930. 
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]



INÍCIO DO FIM DA PRIMEIRA REPÚBLICA – TELEGRAMAS POLÍTICOS DA REVOLUÇÃO DE 1930

Durante a Primeira República, que vai desde a proclamação até 1930, o Brasil foi marcado pela liderança das elites rurais oligárquicas, que evitavam uma implantação industrial no país, mantendo o modelo agro-exportador (principalmente do café). No entanto, com a crise de 1929, o crash da Bolsa de Nova Iorque, essa economia brasileira não conseguiu se manter. Assim, se desencadeou a falência de vários setores de trabalho, quedas salariais e milhares de desempregos. As camadas populares sofriam sem políticas sociais e os setores emergentes como operários, classe média e militares não recebiam atenção.

A crise das oligarquias se entende neste contexto. Com as conseqüências da crise de 1929 para o Brasil, o então presidente paulista Washington Luís, estabeleceu o seu apoio à nova candidatura presidencial, ao seu conterrâneo, Júlio Prestes. No entanto, havia um acordo entre os latifundiários paulistas e mineiros sobre uma alternância no mandato presidencial, conhecida como a “Política do Café com Leite”, que foi quebrado. A insatisfação das oligarquias dissidentes fez com que Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba criassem uma chapa eleitoral, a Aliança Liberal, contra Júlio Prestes, tendo como candidato, Getúlio Dorneles Vargas, João Pessoa como vice. Tinham como propostas reformistas: o voto secreto, legislação trabalhista e desenvolvimento industrial. 



Sob um clima de tensão, Júlio Prestes saiu vitorioso nas eleições de 1º de março de 1930. No entanto, a Aliança Liberal se negou a aceitar os resultados e iniciou uma conspiração no Rio Grande do Sul (onde Getúlio havia tido 100% dos votos), estendendo-se a Minas Gerais. Em julho, João Pessoa foi assassinado e seu enterro no Rio de Janeiro provocou grande comoção popular, que foi o momento em que várias pessoas passaram a apoiar a conspiração.


No dia 03 de outubro de 1930, acontece o Golpe de Estado. Sob a liderança de Getúlio Vargas,  iniciaram -se ações militares a partir do Rio Grande do Sul e simultaneamente em Minas Gerais e na Paraíba. Estes que foram os principais estados da conspiração tinham comunicação entre si sobre os rumos do levante, conseqüências populares, número de mortos, etc. Uma das formas de circulação eram os telegramas. Nas principais cidades destes estados, esse meio de comunicação levava informações preciosas.

Pelos telegramas eram compartilhadas informações sobre as táticas tomadas pelos membros do levante como indica o seguinte telegrama de Belo Horizonte para o presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto (CMOP) e suas coletadas (contribuintes).



Abaixo segue um telegrama do diretor dos correios, Carlos Salles, para o vice-presidente da CMOP, informando através de interceptações de rádio, sobre o desespero do Governo Federal diante da situação nacional, onde se verificaram assaltos a casas comerciais, obrigando o governo a tomar providências para alimentar a população revoltosa. Além de decretar estado de sítio e feriado nacional, o governo procurava organizar batalhões de emergência de forma violenta, como acusa o telegrama.



Neste telegrama do Presidente do Estado de Minas Gerais, Olegário Maciel, ao Presidente da CMOP e coletadas, são repassadas informações sobre os rumos do levante no Rio Grande do Sul que avança para São Paulo, informações sobre o norte do país e Minas Gerais onde a vitória do movimento era praticamente certa. O documento também informa sobre medidas a serem tomadas contra as resistências e sobre a situação do Governo Federal que se encontrava desorientado. 

O telegrama seguinte, de Olegário Maciel para o Presidente da CMOP e todas as estações próximas, informa sobre a rendição do 12º Regimento de Infantaria, derrotado pelos soldados da Força Pública do Estado de Minas, bem como informa sobre boas notícias vindas do norte e do sul do país.




Carlos Salles ficou responsável por várias comunicações que foram facilitadas pelo cargo que ocupava. Neste telegrama dele para o Presidente da CMOP e todas as estações próximas, ele informa sobre a derrota de tropas paulistas que invadiram o sul de Minas, em Passa Quatro, sobre prisioneiros que fizeram, sobre mortos e feridos e sobre armamentos apreendidos. A cidade baiana de Carinhanha foi ocupada pelas forças do levante após muita resistência.


Assim, o telegrama se torna uma forma de comunicação entre os membros da conspiração, transmitindo informações necessárias e importantes.

No dia 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto por militares de alta patente e neste momento o país foi comandado por uma junta governativa, formada por militares e constituída por generais.







REFERÊNCIAS 
__________________________________________________________________________________________________________________________________

AMORIM, Antonio Carlos Bellini (Ed). Revoluções brasileiras = Brazilian Revolutions. Textos e pesquisa histórica e iconográfica de Cinthia Anhesini, Fotografias de Eduardo Tavares. São Paulo: Bellini Cultural, 2009. p. 86-

APMOP – Fundo – CMOP – Série: Governo – Subsérie: Vereança – Caixa 1930-1932 – Pasta 5 - Telegramas Políticos da Revolução de 1930. 
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO - IMPACTOS NA HISTÓRIA DE OURO PRETO

A famosa referência que se faz a Ouro Preto e sua grande exploração mineral datada do século XVIII percorre os anos e se faz presente atualmente. O intenso trabalho ligado à área de mineração, ainda é hoje fonte de emprego para muitos moradores da cidade e contribui para o crescimento individual e da coletividade ouropretana.

A história da Alcan em Ouro Preto se inicia com a história de uma outra empresa chamada Elquisa (Eletro Química Brasileira S.A.). Surgida em 1934, a Elquisa foi uma conquista dos empreendedores Simão Lacerda e Américo René Giannette. O negócio, centrado na produção e exportação de alumínio, foi muito bem até o fim da Segunda Guerra Mundial, onde a superprodução se viu parada por falta de pedidos, abortando o excelente desenvolvimento da fábrica que funcionou até março de 1945.

Em 6 de junho de 1950, a ALCAN Alumínio do Brasil adquire as ações da fábrica e inicia um processo de produção de alumínio em escala industrial. Desenvolvendo-se no período entre guerras, a Alcan passou por altos e baixos na venda de seus produtos, mas a fábrica se manteve de pé e cresceu a ponto de ser uma das indústrias de alumínio mais importantes do Brasil.

Da denominação original – Electro Chicima Brasileira S.A -, houve modificações para Eletro Química Brasileira S.A., Alumínio Minas Gerais (Aluminas) e Alcan Alumínio do Brasil. Atualmente a empresa está vinculada ao grupo Novelis do Brasil.

Quando a empresa surgiu em 1934, foi realizado um contrato com a Câmara Municipal de Ouro Preto, para conceder a pesquisa de bauxita, pirites, minérios de ferro e manganês, nos terrenos da Sesmaria Municipal, situados no Morro do Cruzeiro e Saramenha. Este contrato dava direitos e deveres para empresa, quanto a exploração, pesquisa e futuro funcionamento da empresa. 



Os objetivos de produção da Alcan também abriram espaço para lado social. Além da geração de empregos, a preocupação da empresa com o desenvolvimento da infra-estrutura da cidade, com a educação e com as reivindicações dos moradores, se fazia presente em inúmeras correspondências que foram dirigidas a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, pedindo providências. 

Pedido de assistência educacional, 1970.

Reclamação sobre valor da passagem de ônibus, 1972.

 Pedido de melhorias nas redes de água e esgoto, 1972.

Não só de exigências era feita à presença da empresa perante PMOP, muitas de suas correspondências fazem referências a convites de inauguração de fornos, comemorações civis e agradecimentos reconhecendo o bom trabalho feito pela prefeitura.

 Convite e programação da comemoração da Independência da Pátria Brasileira, 1972.

Convite de inauguração de forno, 1974.

Reconhecimento e agradecimento por obras realizadas, 1974.
 
A instalação da indústria em Ouro Preto tem também seu lado negativo. Sua produção acarretou em alguns problemas como a poluição. Durante a década de 1970, um jornal (parte de uma coleção de recortes no APMOP) repercutiu os problemas ligados ao impacto ambiental causado pela poluição.

 "Poluição da Alcan ameaça as igrejas de Ouro Preto", [década de 1970].

Muitos funcionários da Alcan a consideraram mais que um local de trabalho. A vida na empresa, os colegas de trabalho e suas funções, se tornaram realmente parte de suas vidas e, neste meio, conseguiram mais do que se tornarem grandes profissionais, encontraram um ambiente prazeroso de relações sociais. Um caso destes a se relatar é o do Sr. Felinto Elísio Nunes, que em entrevista ao jornal “Agora” em 2000, revelou um pouco do cotidiano da empresa e da evolução que acompanhou em seus 54 anos de trabalho para a Alcan. O Sr. Nunes iniciou seus trabalhos em 1937, quando a empresa ainda se chamava Elquisa e trabalhou até 1991. Em seus relatos é possível perceber que parte do desenvolvimento da cidade, partiu de iniciativas da empresa; como a instalação de energia elétrica e os procedimentos ligados a obras de interesse público.

 Sr. Nunes em local de trabalho.


 Trecho da entrevista do Sr. Nunes ao Jornal Agora em 2000.





Será que se aprende com a história? 








Referências

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 ALCAN Alumínio do Brasil Ltda. – Fábrica de Ouro Preto – Memória Viva – 50 anos de Alcan Alumínio do Brasil em Ouro Preto – Ponto Final Comunicação Integrada, 2000.
APMOP – Jornal Agora – Órgão Oficial do Município de Ouro Preto, Ano 1, nº 4, de 7 de abril de 2000 – Fundo PMOP.
APMOP – Fundo PMOP – Caixas: (19estante26 - 1980), (21estante19-1997), (1estante10-1980-85), (11estante10-1971-75), (22estante09-1971-74), (20estante07-1982), Livro de registros de contratos da Câmara Municipal de Ouro Preto – 4º livro, 1927-1959 – caixa 36 L 5. 
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária). Revisão: João Paulo Martins e Helenice Oliveira]