quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Conhecendo o nosso Arquivo


 Segundo o historiador Le Goff, “A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiaisos documentos e os monumentos[1]. Sendo assim os Arquivos Públicos, podem e devem  ser  utilizados como ferramenta no ensino de história para a valorização e reconhecimento da cidade, é através do encontro entre os cidadãos do presente com o seu passado, contida  nos documentos textuais, iconográficos, fotográficos, que esta aproximação se dará de maneira natural. Para Pierre Nona, um Lugar de memória só se dá a partir da aproximação dos agentes de construção desta memória seja ela individual ou coletiva, neste sentido é necessário que estes lugares busquem de maneira mais efetiva esta aproximação:
Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos, só é lugar de memória se a imaginação o investe de aura simbólica. Mesmo um lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um ritual. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o extremo de uma significação simbólica, é, ao mesmo tempo, um corte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, a um lembrete concentrado de lembrar. Os três aspectos coexistem sempre (...). É material por seu conteúdo demográfico; funcional por hipótese, pois garante ao mesmo tempo a cristalização da lembrança e sua transmissão; mas simbólica por definição visto que caracteriza por um acontecimento ou uma experiência vivida por pequeno número uma maioria que deles não participou.[2]
                 A proposta de elaboração de um roteiro de visita guiada ao Arquivo Público Municipal de Ouro Preto vem de certa maneira de encontro a este pensamento, no sentido de, tornar o ambiente, algumas vezes confundido como um espaço meramente administrativo, para um local aonde o cidadão vai ao encontro de sua cidade. O conhecimento e o reconhecimento dos fatos e pessoas, mais do que apenas personagens fictícios e distantes da vida real, podem ser descobertos e apreendidos através do acervo.
Para facilitar a compreensão de nossos visitantes, procuramos eleger cidadãos, cujos nomes estão registrados no APMOP, três cidadãos que têm suas vidas ligadas de maneira importante a cidade de Ouro Preto, são eles: O Poeta, Conjurado, Jurista – Tomás Antônio Gonzaga, O Jornalista, Político, Fundador do Arquivo Público Mineiro José Pedro Xavier da Veiga e o cidadão apaixonado por sua cidade,  Antônio Hermes Dias – o Tonico Jones ou  Zelador.




Primeiro Momento:
A de Casa Gonzaga:
Sede do Arquivo Público de Ouro Preto – Thomas Antônio Gonzaga

             Tomás Antônio Gonzaga possui destaque pelo seu envolvimento no importante movimento de conspiração que ocorreu nos anos de 1788 e 1789 que  não chegou de fato a se efetivar, intitulado por muitos historiadores como Inconfidência Mineira[3], sendo este episódio de grande importância para a constituição e construção dos “heróis da Nação Brasileira”. Outro motivo pelo qual trataremos da história deste conjurado é porque  o Arquivo Público está instalado na “Casa de Gonzaga”, imóvel onde viveu Tomás durante o tempo em que foi Ouvidor Geral e Corregedor de Vila Rica.  



Segundo Momento:
O Arquivo Público Municipal de Ouro Preto – Constituição de seu Acervo- José Pedro Xavier Da Veiga

             Escolhemos para este segundo momento: o fundador e primeiro diretor do Arquivo Público Mineiro, o historiador, político e pesquisador José Pedro Xavier da Veiga. Suas ações foram deste o recolhimento de fontes documentais espalhados por diversos órgãos do poder público até a cessão de um espaço físico, da parte térrea, de  sua residência, em Ouro Preto, para abrigar a primeira sede do Arquivo Público Mineiro - APM, mais tarde  Xavier da Veiga foi responsável pela  criação  da Revista do Arquivo Público, publicação responsável por dar visibilidade  em boa medida a história de Minas contida nos documentos oficiais .  
 A Família Xavier da Veiga doou ao APMOP parte do acervo pessoal de José Pedro, onde podem ser encontradas fotos da família e documentos sobre a atuação política, profissional e pessoal do fundador do APM, que em boa medida pode levar o visitante a uma aproximação maior de um importante cidadão, e sua preocupação com a proteção dos acervos documentais e as histórias que ele pode revelar.  




Terceiro Momento:
Patrimônio Documental – memória viva e construção de cidadania. Antônio Hermes Dias – Tonico Zelador
               Como terceira escolha, optamos por lançar luz ao trabalho de um personagem contemporâneo, que através de suas ações de cidadania e de amor a cidade de Ouro Preto, transformou uma ação voluntária, de zelador das ruas/praças da cidade (varrição e recolhimento do lixo espalhados pelas calçadas e vias), numa ação de cidadania e valorização do patrimônio histórico, com reconhecimento pela cidade e fora dela, mesmo que de maneira simbólica.




Produção dos Alunos:
Construção um varal de poesias – Chafariz da Casa de Gonzaga

                  O objetivo deste roteiro é sensibilizar aos alunos da necessidade da preservação do patrimônio documental, visto que o APMOP guarda em seu acervo, histórias de pessoas que viveram na nossa cidade, e que através de sua ação conseguiram transformar de alguma maneira a sociedade em que viviam.
“O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio”[4].

  







[1] LE GOFF, Jacques. História e memória.
[2] NORA, 1993, p.21-22.
[3] Preferimos tratar do episódio ocorrido em 1789, como Conjura Mineira. Isso se justifica com a leitura dos verbetes conjuração, conjura, inconfidência e sublevação no Diccionario da Lingua Portugueza [...] de Antonio de Moraes Silva (Lisboa, 1789), onde o termo mais próximo a nossa compreensão do ocorrido, conjura, significa: movimento que não chegou ao seu fim esperado, não passando da concatenação promissória de um grupo de homens políticos
[4] LE GOFF, Jacques. História e memória .

Obs: Trabalho apresentado para aproveitamento de estudos do curso de História da UFOP, por Helenice Oliveira e Eric Megale.

Postagem e revisão: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira 

Conhecendo o nosso Arquivo


 Segundo o historiador Le Goff, “A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiaisos documentos e os monumentos[1]. Sendo assim os Arquivos Públicos, podem e devem  ser  utilizados como ferramenta no ensino de história para a valorização e reconhecimento da cidade, é através do encontro entre os cidadãos do presente com o seu passado, contida  nos documentos textuais, iconográficos, fotográficos, que esta aproximação se dará de maneira natural. Para Pierre Nona, um Lugar de memória só se dá a partir da aproximação dos agentes de construção desta memória seja ela individual ou coletiva, neste sentido é necessário que estes lugares busquem de maneira mais efetiva esta aproximação:
Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos, só é lugar de memória se a imaginação o investe de aura simbólica. Mesmo um lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um ritual. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o extremo de uma significação simbólica, é, ao mesmo tempo, um corte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, a um lembrete concentrado de lembrar. Os três aspectos coexistem sempre (...). É material por seu conteúdo demográfico; funcional por hipótese, pois garante ao mesmo tempo a cristalização da lembrança e sua transmissão; mas simbólica por definição visto que caracteriza por um acontecimento ou uma experiência vivida por pequeno número uma maioria que deles não participou.[2]
                 A proposta de elaboração de um roteiro de visita guiada ao Arquivo Público Municipal de Ouro Preto vem de certa maneira de encontro a este pensamento, no sentido de, tornar o ambiente, algumas vezes confundido como um espaço meramente administrativo, para um local aonde o cidadão vai ao encontro de sua cidade. O conhecimento e o reconhecimento dos fatos e pessoas, mais do que apenas personagens fictícios e distantes da vida real, podem ser descobertos e apreendidos através do acervo.
Para facilitar a compreensão de nossos visitantes, procuramos eleger cidadãos, cujos nomes estão registrados no APMOP, três cidadãos que têm suas vidas ligadas de maneira importante a cidade de Ouro Preto, são eles: O Poeta, Conjurado, Jurista – Tomás Antônio Gonzaga, O Jornalista, Político, Fundador do Arquivo Público Mineiro José Pedro Xavier da Veiga e o cidadão apaixonado por sua cidade,  Antônio Hermes Dias – o Tonico Jones ou  Zelador.




Primeiro Momento:
A de Casa Gonzaga:
Sede do Arquivo Público de Ouro Preto – Thomas Antônio Gonzaga

             Tomás Antônio Gonzaga possui destaque pelo seu envolvimento no importante movimento de conspiração que ocorreu nos anos de 1788 e 1789 que  não chegou de fato a se efetivar, intitulado por muitos historiadores como Inconfidência Mineira[3], sendo este episódio de grande importância para a constituição e construção dos “heróis da Nação Brasileira”. Outro motivo pelo qual trataremos da história deste conjurado é porque  o Arquivo Público está instalado na “Casa de Gonzaga”, imóvel onde viveu Tomás durante o tempo em que foi Ouvidor Geral e Corregedor de Vila Rica.  



Segundo Momento:
O Arquivo Público Municipal de Ouro Preto – Constituição de seu Acervo- José Pedro Xavier Da Veiga

             Escolhemos para este segundo momento: o fundador e primeiro diretor do Arquivo Público Mineiro, o historiador, político e pesquisador José Pedro Xavier da Veiga. Suas ações foram deste o recolhimento de fontes documentais espalhados por diversos órgãos do poder público até a cessão de um espaço físico, da parte térrea, de  sua residência, em Ouro Preto, para abrigar a primeira sede do Arquivo Público Mineiro - APM, mais tarde  Xavier da Veiga foi responsável pela  criação  da Revista do Arquivo Público, publicação responsável por dar visibilidade  em boa medida a história de Minas contida nos documentos oficiais .  
 A Família Xavier da Veiga doou ao APMOP parte do acervo pessoal de José Pedro, onde podem ser encontradas fotos da família e documentos sobre a atuação política, profissional e pessoal do fundador do APM, que em boa medida pode levar o visitante a uma aproximação maior de um importante cidadão, e sua preocupação com a proteção dos acervos documentais e as histórias que ele pode revelar.  




Terceiro Momento:
Patrimônio Documental – memória viva e construção de cidadania. Antônio Hermes Dias – Tonico Zelador
               Como terceira escolha, optamos por lançar luz ao trabalho de um personagem contemporâneo, que através de suas ações de cidadania e de amor a cidade de Ouro Preto, transformou uma ação voluntária, de zelador das ruas/praças da cidade (varrição e recolhimento do lixo espalhados pelas calçadas e vias), numa ação de cidadania e valorização do patrimônio histórico, com reconhecimento pela cidade e fora dela, mesmo que de maneira simbólica.




Produção dos Alunos:
Construção um varal de poesias – Chafariz da Casa de Gonzaga

                  O objetivo deste roteiro é sensibilizar aos alunos da necessidade da preservação do patrimônio documental, visto que o APMOP guarda em seu acervo, histórias de pessoas que viveram na nossa cidade, e que através de sua ação conseguiram transformar de alguma maneira a sociedade em que viviam.
“O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio”[4].

  







[1] LE GOFF, Jacques. História e memória.
[2] NORA, 1993, p.21-22.
[3] Preferimos tratar do episódio ocorrido em 1789, como Conjura Mineira. Isso se justifica com a leitura dos verbetes conjuração, conjura, inconfidência e sublevação no Diccionario da Lingua Portugueza [...] de Antonio de Moraes Silva (Lisboa, 1789), onde o termo mais próximo a nossa compreensão do ocorrido, conjura, significa: movimento que não chegou ao seu fim esperado, não passando da concatenação promissória de um grupo de homens políticos
[4] LE GOFF, Jacques. História e memória .

Obs: Trabalho apresentado para aproveitamento de estudos do curso de História da UFOP, por Helenice Oliveira e Eric Megale.

Postagem e revisão: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira