quarta-feira, 29 de maio de 2013

SAÚDE PÚBLICA EM OURO PRETO - CAMINHOS PERCORRIDOS

A saúde pública de Ouro Preto encarou vários desafios em busca da boa saúde física e psicológica de seus habitantes. Analisando documentos do final do século XIX e primeira metade do século XX, podemos concluir que através de estatísticas, relatórios mensais enviados pelos postos de saúde e a procura dos habitantes aos profissionais da saúde foi possível conseguir medicamentos, reformas no posto de saúde e nos atendimentos, materiais para o tratamento dos enfermos e transferências para casos urgentes. A Câmara Municipal de Ouro Preto – CMOP também fazia acordos com a Santa Casa de Misericórdia para atendimento e tratamento de pessoas desvalidas.

Os documentos analisados pertencem ao fundo CMOP, tratando das séries Saúde Pública e Governo com sub-série Vereança. O recorte temporal vai de 1891 a 1930. Analisamos também documentos do Fundo Prefeitura Municipal de Ouro Preto – PMOP da série Saúde Pública entre 1931 e 1960.

Em 1891, o Dr. Francisco de Paula Ferreira Vellozo recebeu uma correspondência que acordava com a Santa Casa de Misericórdia o atendimento de pacientes carentes das 8h às 11h. Esta decisão foi tomada em sessão ordinária.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1891

Em 1892, o vereador Claudionor Quites cria uma proposta que pede que se consulte a mesa administrativa da Santa Casa de Misericórdia para que a mesma fique encarregada de dar consultas e remédios aos doentes pobres, mediante a verba que é destinada ao médico do partido.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1892

Em 1893, a CMOP envia correspondência para a Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto, em nome do provedor Amaro F. Moreira. O assunto se refere ao repasse de verbas pela Câmara para o tratamento de enfermos e assistência médica aos doentes desvalidos. Desta forma, existia um acordo entra as partes que beneficiavam enormemente a população.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas -1893

Indo para a segunda década do século XX, Ouro Preto e distritos enfrentaram a varíola. Em 1913, São Gonçalo do Amarante, Serra do Mesquita e Morro São Sebastião apresentaram 13 casos de varíola. Foram gastos 3$875,000 com a contratação de pessoal para o tratamento e 123,500 com medicamentos. Mais detalhes podem ser observados no relatório abaixo.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Estatísticas sobre a saúde eram feitas e entregues à Diretoria de Saúde Pública em Belo Horizonte, para que se pudesse tomar providências. Na correspondência abaixo, de 1929, o diretor de Saúde Pública, Dr. Raul D’Almeida Magalhães, envia correspondência ao chefe do Posto de Saúde de Ouro Preto solicitando o censo de leprosos e indicando ações a serem tomadas em relação à doença.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Em 1930, o fiscal sanitário Manoel Felippe Ribeiro Bello ficou responsável pela inspetoria do distrito de São Julião (atual Miguel Burnier). Encontrou no município casos de disenteria ou febre tifóide, e acusou que o lugar era passível a proliferação de doenças pelas condições de higiene. Sugeriu desta forma que fossem tomadas providências urgentes.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Os atendimentos e o funcionamento do Posto de Saúde da cidade eram todos anotados e registrados no relatório mensal, assinado pelo médico responsável. No relatório abaixo, de 1930, assinado pelo médico Dr. Raimundo Pacífico Homem constam o número de funcionários e seus salários, informações sobre as propagandas e educação sanitária feitas na cidade, saneamento, higiene escolar, laboratório, dispensário de medicamentos, serviços de enfermeira domiciliar, epidemiologia, exames, inspeções, higiene profissional e secretaria.

APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Em 1937, foi enviado ao Prefeito Municipal de Ouro Preto, um relatório anual referente a 1936, sobre as doenças que foram causas de falecimentos na cidade. O relatório foi montado a fim de provar que não havia em Ouro Preto nenhuma doença infecto-contagiosa endêmica. Segue abaixo o relatório e os dados em gráfico e tabela.
APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

O setor de Saúde Pública da cidade, responsável também por vistoriar prédios interna e externamente, fornecia relatórios à prefeitura, como este de 1948, detalhando as possíveis irregularidades.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

Em 1953, o Estado de Minas Gerais enfrentou um surto de febre silvestre ou febre amarela. No intuito de informar as pessoas e vaciná-las, foi programada uma campanha de vacinação em Ouro Preto nos meses de setembro e outubro de 1953. No folheto do Serviço Nacional de Febre Amarela, se encontravam os dias, locais e horas do procedimento.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

No intuito de tornar cada vez mais eficaz o atendimento de saúde da cidade de Ouro Preto, como podemos observar com a análise da documentação acima, em novembro de 1960, o então prefeito Benedito Gonçalves Xavier, cria o projeto de Lei Nº 26, que aprovou convênio entre a PMOP e a Assistência Médica Domiciliar e de Urgência – SAMDU, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, assim como aprovou também os pagamentos das despesas.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960





REFERÊNCIAS
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1891; 1892; 1893
APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária) – Revisão: Helenice Oliveira e João Paulo Martins.]



SAÚDE PÚBLICA EM OURO PRETO - CAMINHOS PERCORRIDOS

A saúde pública de Ouro Preto encarou vários desafios em busca da boa saúde física e psicológica de seus habitantes. Analisando documentos do final do século XIX e primeira metade do século XX, podemos concluir que através de estatísticas, relatórios mensais enviados pelos postos de saúde e a procura dos habitantes aos profissionais da saúde foi possível conseguir medicamentos, reformas no posto de saúde e nos atendimentos, materiais para o tratamento dos enfermos e transferências para casos urgentes. A Câmara Municipal de Ouro Preto – CMOP também fazia acordos com a Santa Casa de Misericórdia para atendimento e tratamento de pessoas desvalidas.

Os documentos analisados pertencem ao fundo CMOP, tratando das séries Saúde Pública e Governo com sub-série Vereança. O recorte temporal vai de 1891 a 1930. Analisamos também documentos do Fundo Prefeitura Municipal de Ouro Preto – PMOP da série Saúde Pública entre 1931 e 1960.

Em 1891, o Dr. Francisco de Paula Ferreira Vellozo recebeu uma correspondência que acordava com a Santa Casa de Misericórdia o atendimento de pacientes carentes das 8h às 11h. Esta decisão foi tomada em sessão ordinária.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1891

Em 1892, o vereador Claudionor Quites cria uma proposta que pede que se consulte a mesa administrativa da Santa Casa de Misericórdia para que a mesma fique encarregada de dar consultas e remédios aos doentes pobres, mediante a verba que é destinada ao médico do partido.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1892

Em 1893, a CMOP envia correspondência para a Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto, em nome do provedor Amaro F. Moreira. O assunto se refere ao repasse de verbas pela Câmara para o tratamento de enfermos e assistência médica aos doentes desvalidos. Desta forma, existia um acordo entra as partes que beneficiavam enormemente a população.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas -1893

Indo para a segunda década do século XX, Ouro Preto e distritos enfrentaram a varíola. Em 1913, São Gonçalo do Amarante, Serra do Mesquita e Morro São Sebastião apresentaram 13 casos de varíola. Foram gastos 3$875,000 com a contratação de pessoal para o tratamento e 123,500 com medicamentos. Mais detalhes podem ser observados no relatório abaixo.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Estatísticas sobre a saúde eram feitas e entregues à Diretoria de Saúde Pública em Belo Horizonte, para que se pudesse tomar providências. Na correspondência abaixo, de 1929, o diretor de Saúde Pública, Dr. Raul D’Almeida Magalhães, envia correspondência ao chefe do Posto de Saúde de Ouro Preto solicitando o censo de leprosos e indicando ações a serem tomadas em relação à doença.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Em 1930, o fiscal sanitário Manoel Felippe Ribeiro Bello ficou responsável pela inspetoria do distrito de São Julião (atual Miguel Burnier). Encontrou no município casos de disenteria ou febre tifóide, e acusou que o lugar era passível a proliferação de doenças pelas condições de higiene. Sugeriu desta forma que fossem tomadas providências urgentes.
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Os atendimentos e o funcionamento do Posto de Saúde da cidade eram todos anotados e registrados no relatório mensal, assinado pelo médico responsável. No relatório abaixo, de 1930, assinado pelo médico Dr. Raimundo Pacífico Homem constam o número de funcionários e seus salários, informações sobre as propagandas e educação sanitária feitas na cidade, saneamento, higiene escolar, laboratório, dispensário de medicamentos, serviços de enfermeira domiciliar, epidemiologia, exames, inspeções, higiene profissional e secretaria.

APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930

Em 1937, foi enviado ao Prefeito Municipal de Ouro Preto, um relatório anual referente a 1936, sobre as doenças que foram causas de falecimentos na cidade. O relatório foi montado a fim de provar que não havia em Ouro Preto nenhuma doença infecto-contagiosa endêmica. Segue abaixo o relatório e os dados em gráfico e tabela.
APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

O setor de Saúde Pública da cidade, responsável também por vistoriar prédios interna e externamente, fornecia relatórios à prefeitura, como este de 1948, detalhando as possíveis irregularidades.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

Em 1953, o Estado de Minas Gerais enfrentou um surto de febre silvestre ou febre amarela. No intuito de informar as pessoas e vaciná-las, foi programada uma campanha de vacinação em Ouro Preto nos meses de setembro e outubro de 1953. No folheto do Serviço Nacional de Febre Amarela, se encontravam os dias, locais e horas do procedimento.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960 

No intuito de tornar cada vez mais eficaz o atendimento de saúde da cidade de Ouro Preto, como podemos observar com a análise da documentação acima, em novembro de 1960, o então prefeito Benedito Gonçalves Xavier, cria o projeto de Lei Nº 26, que aprovou convênio entre a PMOP e a Assistência Médica Domiciliar e de Urgência – SAMDU, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, assim como aprovou também os pagamentos das despesas.

APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960





REFERÊNCIAS
APMOP - Fundo CMOP - Série: Saúde Pública - Caixa - 1891 - 1930
APMOP - Fundo CMOP - Série: Governo - Subsérie: Vereança - Caixas - 1891; 1892; 1893
APMOP - Fundo PMOP - Série: Saúde Pública - Caixa 1931-1960
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária) – Revisão: Helenice Oliveira e João Paulo Martins.]



quinta-feira, 9 de maio de 2013

CÓDIGOS DE POSTURA – A RACIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

Ainda no século XVIII, entre 1720 e 1735, Vila Rica criara seus códigos de postura. Esses códigos são documentos que reúnem normas municipais de interesses locais referentes ao espaço público, ao funcionamento de comércios, a higiene e a tranqüilidade pública, buscando disciplinar o ambiente urbano, a população e suas casas.

Nesses códigos podemos observar ações contra criação e circulação de animais, higiene com a cidade, respeito a horário de funcionamento de comércio, fiscalização de matadouros de animais, denúncias variadas e autos de infração e multa. Para os infratores desses códigos de postura, a punição podia variar entre pagamento de multa e prisão por tempo determinado. As posturas iriam estabelecer regras de comportamento e convivência na sociedade. Para que essas regras fossem cumpridas, a Câmara nomeava fiscais que ficavam responsáveis por autuar, multar e se preciso, prender os infratores.

Em 1894, no governo de Randolpho José Ferreira Bretas, foi criado um Estatuto Municipal da Câmara Municipal de Ouro Preto – CMOP, para tratar detalhadamente sobre as posturas. Este estatuto foi republicado em 1908 e nele encontram-se disposições gerais, regras sobre aforamento e edificações, desempachamento e asseio das povoações, salubridade pública, cominações preventivas de danos, proibição de jogos, espetáculos ou divertimentos ilícitos, mercancias, indústrias e licenças, inscrições e cobranças anuais. Abaixo segue o pormenor da primeira parte do Estatuto, disponível para pesquisa aqui no APMOP:

APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1908

Nas caixas referentes às posturas municipais do Fundo CMOP, encontram-se documentos como a seguir. Neste primeiro documento de 1908, cabeleireiros e barbeiros da cidade informam a Câmara que estão dispostos a cumprir as leis de fechamento de comércio aos domingos e dias santificados ao meio dia. Esta lei deveria ser cumprida por todos os comerciantes de Ouro Preto. 
 APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1908 
 
Em 1913, o Sr. Christiano Limões, foi multado pelo fiscal da Câmara Leonardo Fittipaldi por estar com seu estabelecimento aberto no domingo depois da hora estabelecida pelas posturas.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

Em 1918, comerciantes apresentam um abaixo assinado para a Câmara, solicitando que se torne lei de postura que os estabelecimentos funcionem até as 20 horas durante os dias da semana.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1918

O abatimento de animais para a venda de carne, só poderia ser feito no Matadouro Público e depois de um exame sobre a qualidade da carne. Abaixo, segue um auto de infração de 1909, contra o Sr. Laurindo Lopes Duarte que abateu animais sem seguir essas regras e foi autuado em flagrante. Nota-se que o auto ainda consta com assinaturas de testemunhas sobre a infração.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1909

No matadouro público haviam outros problemas de postura. Um deles era o maltrato de animais que seriam abatidos, outro era a arruaça causada por certos indivíduos na hora da matança. Os documentos a seguir referem-se a estes problemas. O primeiro se trata de uma solicitação de presença de um praça no matadouro nas horas em que não havia matança, para proteger o gado dos maus tratos efetuados por crianças e alguns adultos em 1896.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1896

Em 1905, a CMOP solicita ao delegado de polícia a presença de dois praças no matadouro, durante a matança, para que se possa conter os indivíduos que maltratam e enraivecem os animais que serão abatidos, provocando conflitos e arruaças que podem prejudicar os animais e as pessoas presentes. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Governo Subsérie: Verança - 1905 

Jogos considerados abusivos ou que ameaçassem o sossego público eram proibidos. Assim, o documento abaixo, direcionado para o presidente da CMOP, Dr. Lúcio José dos Santos, pede que a lei de posturas seja cumprida, proibindo e fiscalizando os jogos de Entrudo e limões-de-cheiro no espaço público em 1910.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1910

Em 1922, os jogos ainda eram proibidos. Sendo assim os habitantes de São Bartolomeu, solicitaram a ausência de praças durante os quatro dias de festa, pois sabiam que poderiam ser autuados quanto a práticas de jogos. Esta informação é dada pelo fiscal Antônio Julio de Sousa Lima ao presidente da CMOP, Dr. Alfredo Teixeira Baeta Neves. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1922

E nem o tão afamado futebol se safou dos códigos de postura. Em 1927, o Sr. Lindolpho Marcellino da Silva, denuncia a CMOP, sobre o incômodo causado a ele e sua família pelos jogadores do futebol de rua, onde a bola os acertou enquanto passeavam.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1927

 Um dos grandes problemas abordados na documentação de posturas era o trânsito de animais pela cidade. Cabras, cavalos, vacas e burros se tornavam um problema quando estavam soltos pelas ruas. Esses animais eram apreendidos e seus donos autuados. Abaixo segue o processo completo contra o Sr. Vicente Rodrigues, por ter uma vaca que vagava pela cidade, incomodando os indivíduos que declararam não ser a primeira vez que isto acontecia. Acompanha o processo o recibo da recebedoria com o valor da multa aplicada a esta infração.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1910

Em 1913, um abaixo assinado dos moradores do distrito de São Bartolomeu, pede a CMOP, que seja cumprida a lei de proibição de criação de suínos soltos pela cidade.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

Em 1916, uma cabra e um burro foram apreendidos no Antônio Dias pelo fiscal Floriano Dias Ribeiro. Nota-se que os animais tinham suas características detalhadas no documento. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1916

A salubridade também foi uma questão de posturas. Para evitar a proliferação de doenças e de animais como ratos e baratas, a CMOP exigia que todos fossem responsáveis pela manutenção da limpeza da cidade. Assim, algumas pessoas poderiam ser autuadas, por estarem jogando lixos em locais indevidos, como mostra o documento abaixo de 1913. 
 APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

As posturas foram por vezes eficientes, com aplicação e fiscalização, e por vezes não, como podemos ver nas denúncias. Os habitantes além de cumprirem com as leis, também tinham direito de denunciar aquilo que não lhes parecia correto ou que os incomodasse de alguma forma, facilitando a boa convivência e o comportamento no espaço público.





REFERÊNCIAS
APMOP – Fundo: Câmara Municipal de Ouro Preto – Série: Posturas – Caixas:1808 – 1929 e 1900 - 1929
APMOP – Fundo: Câmara Municipal de Ouro Preto – Série: Governo – Subsérie: Vereança. Caixa: 1896 – Documento: 03523 e Caixa: 1905 – Documento: 05489
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária) – Revisão: Helenice Oliveira e João Paulo Martins.]





CÓDIGOS DE POSTURA – A RACIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

Ainda no século XVIII, entre 1720 e 1735, Vila Rica criara seus códigos de postura. Esses códigos são documentos que reúnem normas municipais de interesses locais referentes ao espaço público, ao funcionamento de comércios, a higiene e a tranqüilidade pública, buscando disciplinar o ambiente urbano, a população e suas casas.

Nesses códigos podemos observar ações contra criação e circulação de animais, higiene com a cidade, respeito a horário de funcionamento de comércio, fiscalização de matadouros de animais, denúncias variadas e autos de infração e multa. Para os infratores desses códigos de postura, a punição podia variar entre pagamento de multa e prisão por tempo determinado. As posturas iriam estabelecer regras de comportamento e convivência na sociedade. Para que essas regras fossem cumpridas, a Câmara nomeava fiscais que ficavam responsáveis por autuar, multar e se preciso, prender os infratores.

Em 1894, no governo de Randolpho José Ferreira Bretas, foi criado um Estatuto Municipal da Câmara Municipal de Ouro Preto – CMOP, para tratar detalhadamente sobre as posturas. Este estatuto foi republicado em 1908 e nele encontram-se disposições gerais, regras sobre aforamento e edificações, desempachamento e asseio das povoações, salubridade pública, cominações preventivas de danos, proibição de jogos, espetáculos ou divertimentos ilícitos, mercancias, indústrias e licenças, inscrições e cobranças anuais. Abaixo segue o pormenor da primeira parte do Estatuto, disponível para pesquisa aqui no APMOP:

APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1908

Nas caixas referentes às posturas municipais do Fundo CMOP, encontram-se documentos como a seguir. Neste primeiro documento de 1908, cabeleireiros e barbeiros da cidade informam a Câmara que estão dispostos a cumprir as leis de fechamento de comércio aos domingos e dias santificados ao meio dia. Esta lei deveria ser cumprida por todos os comerciantes de Ouro Preto. 
 APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1908 
 
Em 1913, o Sr. Christiano Limões, foi multado pelo fiscal da Câmara Leonardo Fittipaldi por estar com seu estabelecimento aberto no domingo depois da hora estabelecida pelas posturas.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

Em 1918, comerciantes apresentam um abaixo assinado para a Câmara, solicitando que se torne lei de postura que os estabelecimentos funcionem até as 20 horas durante os dias da semana.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1918

O abatimento de animais para a venda de carne, só poderia ser feito no Matadouro Público e depois de um exame sobre a qualidade da carne. Abaixo, segue um auto de infração de 1909, contra o Sr. Laurindo Lopes Duarte que abateu animais sem seguir essas regras e foi autuado em flagrante. Nota-se que o auto ainda consta com assinaturas de testemunhas sobre a infração.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1909

No matadouro público haviam outros problemas de postura. Um deles era o maltrato de animais que seriam abatidos, outro era a arruaça causada por certos indivíduos na hora da matança. Os documentos a seguir referem-se a estes problemas. O primeiro se trata de uma solicitação de presença de um praça no matadouro nas horas em que não havia matança, para proteger o gado dos maus tratos efetuados por crianças e alguns adultos em 1896.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1896

Em 1905, a CMOP solicita ao delegado de polícia a presença de dois praças no matadouro, durante a matança, para que se possa conter os indivíduos que maltratam e enraivecem os animais que serão abatidos, provocando conflitos e arruaças que podem prejudicar os animais e as pessoas presentes. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Governo Subsérie: Verança - 1905 

Jogos considerados abusivos ou que ameaçassem o sossego público eram proibidos. Assim, o documento abaixo, direcionado para o presidente da CMOP, Dr. Lúcio José dos Santos, pede que a lei de posturas seja cumprida, proibindo e fiscalizando os jogos de Entrudo e limões-de-cheiro no espaço público em 1910.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1910

Em 1922, os jogos ainda eram proibidos. Sendo assim os habitantes de São Bartolomeu, solicitaram a ausência de praças durante os quatro dias de festa, pois sabiam que poderiam ser autuados quanto a práticas de jogos. Esta informação é dada pelo fiscal Antônio Julio de Sousa Lima ao presidente da CMOP, Dr. Alfredo Teixeira Baeta Neves. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1922

E nem o tão afamado futebol se safou dos códigos de postura. Em 1927, o Sr. Lindolpho Marcellino da Silva, denuncia a CMOP, sobre o incômodo causado a ele e sua família pelos jogadores do futebol de rua, onde a bola os acertou enquanto passeavam.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1927

 Um dos grandes problemas abordados na documentação de posturas era o trânsito de animais pela cidade. Cabras, cavalos, vacas e burros se tornavam um problema quando estavam soltos pelas ruas. Esses animais eram apreendidos e seus donos autuados. Abaixo segue o processo completo contra o Sr. Vicente Rodrigues, por ter uma vaca que vagava pela cidade, incomodando os indivíduos que declararam não ser a primeira vez que isto acontecia. Acompanha o processo o recibo da recebedoria com o valor da multa aplicada a esta infração.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1910

Em 1913, um abaixo assinado dos moradores do distrito de São Bartolomeu, pede a CMOP, que seja cumprida a lei de proibição de criação de suínos soltos pela cidade.
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

Em 1916, uma cabra e um burro foram apreendidos no Antônio Dias pelo fiscal Floriano Dias Ribeiro. Nota-se que os animais tinham suas características detalhadas no documento. 
APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1916

A salubridade também foi uma questão de posturas. Para evitar a proliferação de doenças e de animais como ratos e baratas, a CMOP exigia que todos fossem responsáveis pela manutenção da limpeza da cidade. Assim, algumas pessoas poderiam ser autuadas, por estarem jogando lixos em locais indevidos, como mostra o documento abaixo de 1913. 
 APMOP - Fundo: CMOP Série:Posturas - 1913

As posturas foram por vezes eficientes, com aplicação e fiscalização, e por vezes não, como podemos ver nas denúncias. Os habitantes além de cumprirem com as leis, também tinham direito de denunciar aquilo que não lhes parecia correto ou que os incomodasse de alguma forma, facilitando a boa convivência e o comportamento no espaço público.





REFERÊNCIAS
APMOP – Fundo: Câmara Municipal de Ouro Preto – Série: Posturas – Caixas:1808 – 1929 e 1900 - 1929
APMOP – Fundo: Câmara Municipal de Ouro Preto – Série: Governo – Subsérie: Vereança. Caixa: 1896 – Documento: 03523 e Caixa: 1905 – Documento: 05489
[Postagem: Vanessa Pereira Silva (Estagiária) – Revisão: Helenice Oliveira e João Paulo Martins.]