terça-feira, 29 de abril de 2014

Conservação do Patrimônio - A Casa da Ópera de Ouro Preto

O TEATRO GREGO E SEUS ESPAÇOS

O teatro tem suas origens na Grécia Antiga, especificamente em Atenas no século VI a.C. Seu surgimento tem uma ligação marcada pela religiosidade, onde utilizavam-se de rituais sagrados em homenagem aos deuses da fertilidade, da vegetação, da vinha, etc. Construídos nas encostas escavadas, com suas arquibancadas semicirculares destinadas ao público, e o palco apenas como um relvado, esses ambientes eram ao ar livre e poderiam variar de forma e tamanho, sendo nos formatos retangular, semicircular, ferradura ou misto.
Figura 1: Teatro Grego
IDADE MÉDIA

Já na Idade Média, o teatro renasce timidamente nas igrejas e monastérios, e assim como na Grécia, tinha seus princípios voltados para fins religiosos, sendo escritos e representados inicialmente pelos membros do clero. No entanto, eram apresentados também temas populares do cotidiano, com a participação dos fiéis como figurantes e, posteriormente, como atores. Ao contrário da maneira representada nos espaços físicos anteriormente, o teatro na Idade Média era encenado ao ar livre diante das catedrais, igrejas, no meio rural e na grande praça da cidade. Não havia nesse período um local específico unicamente para peças teatrais.
Figura 2: Pintura ilustrativa de um Teatro Medieval Francês
RENASCIMENTO

O teatro renascentista surge no contexto da decadência religiosa. Assim sendo, os temas religiosos perdem espaço dentro das ênfases teatrais. A partir desse momento o homem passa a ser o centro do universo teatral, e não apenas Deus. Nesse clima de mudanças dentro do próprio ambiente cênico, o espaço também é modificado. O palco torna-se um lugar onde as peças se desenvolvem sem interrupções, de modo rápido e com grande número de figurantes, havendo então uma inter-relação entre plateia e palco. Em relação frontal de oposição, os espectadores ficavam bem próximos dos atores e aplaudiam ou vaiavam conforme sua aprovação. O desenvolvimento tecnológico modificou todo o aparato técnico que cercava os espetáculos, levando os pintores renascentistas a utilizarem os cenários com o intuito de dar profundidade ao espaço do palco.
Figura 3: O interior do Comédie-Française, em Paris
CASA DA ÓPERA

A Casa da Ópera de Vila Rica, atual Teatro Municipal de Ouro Preto, foi inaugurada em 6 de junho de 1770 e é o teatro mais antigo em funcionamento das Américas, constando inclusive no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Tem o formato de lira e é um dos únicos no mundo a fazer referência ao instrumento que marca o nascimento da ópera. Foi construído pelo coronel João de Souza Lisboa e teve projeto arquitetônico - nos moldes do barroco italiano - realizado por Mateus Garcia.
Já no século XIX foi adquirido pelo governo provincial, sendo transferido para os cuidados da então Câmara Municipal da antiga Capital - Ouro Preto - na década de 1890, quando da mudança da capital para Belo Horizonte. Desde então o município passou a ser o responsável por sua preservação conforme pode ser visto no documento abaixo:
Figura 4: Documento referente à entrega das chaves do Teatro
Em 1993 a Casa da Ópera necessitou de uma reforma e aparelhamento devido ao estado precário em que se encontravam as instalações. O projeto foi assinado pelo renomado arquiteto e cenógrafo Raul Belém Machado, falecido em setembro de 2012.
Segue abaixo uma das plantas assinadas por Raul Belém na época da reforma:
Figura 5: Planta descritiva assinada por Raul Belém Machado
No dia 23 deste mês, após uma vistoria, a Casa da Ópera foi interditada pelo Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, por falta de extintores, problemas na estrutura e danificações na parte elétrica. A população do município espera que as devidas medidas sejam tomadas a fim de que um dos grandes símbolos de Ouro Preto volte a funcionar.
Encontra-se disponível para pesquisa no APMOP, o dossiê referente ao projeto de Raul Belém, além de fotos e outras especificações.
Figura 6: Casa da Ópera, Ouro Preto
Referências:
FIGURAS 1, 2 e 3: Disponível em: [http://dc423.4shared.com/doc/iKjqVHXh/preview.html]. Acesso em: 28-abr-2014.
FIGURA 4: APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1897
FIGURA 5: APMOP - Fundo: PMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1994
FIGURA 6: Disponível em: [http://pacotesturisticos.sendtur.com.br/ouro-preto-terra-das-artes-barrocas/]. Acesso em: 29-abr-2014.
[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

Conservação do Patrimônio - A Casa da Ópera de Ouro Preto

O TEATRO GREGO E SEUS ESPAÇOS

O teatro tem suas origens na Grécia Antiga, especificamente em Atenas no século VI a.C. Seu surgimento tem uma ligação marcada pela religiosidade, onde utilizavam-se de rituais sagrados em homenagem aos deuses da fertilidade, da vegetação, da vinha, etc. Construídos nas encostas escavadas, com suas arquibancadas semicirculares destinadas ao público, e o palco apenas como um relvado, esses ambientes eram ao ar livre e poderiam variar de forma e tamanho, sendo nos formatos retangular, semicircular, ferradura ou misto.
Figura 1: Teatro Grego
IDADE MÉDIA

Já na Idade Média, o teatro renasce timidamente nas igrejas e monastérios, e assim como na Grécia, tinha seus princípios voltados para fins religiosos, sendo escritos e representados inicialmente pelos membros do clero. No entanto, eram apresentados também temas populares do cotidiano, com a participação dos fiéis como figurantes e, posteriormente, como atores. Ao contrário da maneira representada nos espaços físicos anteriormente, o teatro na Idade Média era encenado ao ar livre diante das catedrais, igrejas, no meio rural e na grande praça da cidade. Não havia nesse período um local específico unicamente para peças teatrais.
Figura 2: Pintura ilustrativa de um Teatro Medieval Francês
RENASCIMENTO

O teatro renascentista surge no contexto da decadência religiosa. Assim sendo, os temas religiosos perdem espaço dentro das ênfases teatrais. A partir desse momento o homem passa a ser o centro do universo teatral, e não apenas Deus. Nesse clima de mudanças dentro do próprio ambiente cênico, o espaço também é modificado. O palco torna-se um lugar onde as peças se desenvolvem sem interrupções, de modo rápido e com grande número de figurantes, havendo então uma inter-relação entre plateia e palco. Em relação frontal de oposição, os espectadores ficavam bem próximos dos atores e aplaudiam ou vaiavam conforme sua aprovação. O desenvolvimento tecnológico modificou todo o aparato técnico que cercava os espetáculos, levando os pintores renascentistas a utilizarem os cenários com o intuito de dar profundidade ao espaço do palco.
Figura 3: O interior do Comédie-Française, em Paris
CASA DA ÓPERA

A Casa da Ópera de Vila Rica, atual Teatro Municipal de Ouro Preto, foi inaugurada em 6 de junho de 1770 e é o teatro mais antigo em funcionamento das Américas, constando inclusive no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Tem o formato de lira e é um dos únicos no mundo a fazer referência ao instrumento que marca o nascimento da ópera. Foi construído pelo coronel João de Souza Lisboa e teve projeto arquitetônico - nos moldes do barroco italiano - realizado por Mateus Garcia.
Já no século XIX foi adquirido pelo governo provincial, sendo transferido para os cuidados da então Câmara Municipal da antiga Capital - Ouro Preto - na década de 1890, quando da mudança da capital para Belo Horizonte. Desde então o município passou a ser o responsável por sua preservação conforme pode ser visto no documento abaixo:
Figura 4: Documento referente à entrega das chaves do Teatro
Em 1993 a Casa da Ópera necessitou de uma reforma e aparelhamento devido ao estado precário em que se encontravam as instalações. O projeto foi assinado pelo renomado arquiteto e cenógrafo Raul Belém Machado, falecido em setembro de 2012.
Segue abaixo uma das plantas assinadas por Raul Belém na época da reforma:
Figura 5: Planta descritiva assinada por Raul Belém Machado
No dia 23 deste mês, após uma vistoria, a Casa da Ópera foi interditada pelo Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, por falta de extintores, problemas na estrutura e danificações na parte elétrica. A população do município espera que as devidas medidas sejam tomadas a fim de que um dos grandes símbolos de Ouro Preto volte a funcionar.
Encontra-se disponível para pesquisa no APMOP, o dossiê referente ao projeto de Raul Belém, além de fotos e outras especificações.
Figura 6: Casa da Ópera, Ouro Preto
Referências:
FIGURAS 1, 2 e 3: Disponível em: [http://dc423.4shared.com/doc/iKjqVHXh/preview.html]. Acesso em: 28-abr-2014.
FIGURA 4: APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1897
FIGURA 5: APMOP - Fundo: PMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1994
FIGURA 6: Disponível em: [http://pacotesturisticos.sendtur.com.br/ouro-preto-terra-das-artes-barrocas/]. Acesso em: 29-abr-2014.
[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Semana Santa de Ouro Preto - Tradição e Fé

Durante o período barroco, a religiosidade passou a fazer parte da alma de Vila Rica. Foi nessa época que a celebração do período quaresmal e da Semana Santa tornou-se uma tradição, firmada na morte e ressurreição de Jesus Cristo, bem como em sua "missão redentora".
Pelo fato de Ouro Preto possuir naqueles tempos duas igrejas matrizes - a Basílica de Nossa Senhora do Pilar e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição - passou a ser feito um revezamento anual entre ambas na realização da Semana Santa. Estes momentos de fé e reflexão começam para os Católicos do mundo na Quarta-Feira de Cinzas, mas em Ouro Preto a preparação tem início com o Setenário das Dores da Virgem Maria, celebração essa que acontece na Basílica do Pilar e se constitui pela reflexão das sete dores de Nossa Senhora. O rito ocorre durante 7 sextas-feiras, iniciando-se na sexta-feira anterior ao período carnavalesco e terminando na sexta-feira das dores, quando acontece a procissão do depósito de Nossa Senhora. No sábado acontece a procissão do depósito do Senhor dos Passos. No Domingo de Ramos começa a Semana Santa, com a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, quando a população fiel lançou ramos pelo caminho para aclamá-lo. A celebração termina no Domingo da Ressurreição.
A realização destas cerimônias - do século XVIII até meados do XX - era de responsabilidade das várias irmandades e confrarias: Os Terceiros Carmelitas, os Franciscanos, as Irmandades do Santíssimo Sacramento e do Bom Jesus dos Passos. A irmandade do Bom Jesus dos Passos foi extinta, mas durante o tempo que funcionou, exerceu função importante na preparação das celebrações como pode ser comprovado através dos Recibos de compra de amêndoas e velas abaixo.
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1868

Programação detalhada da Semana Santa de 1897, realizada na Basílica de Nossa Senhora do Pilar:
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
Este jornal "Voz de Ouro Preto", de maio de 1935, apresenta um panorama sobre as festividades que aconteceram na Semana Santa:
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal Voz de Ouro Preto - 08/05/1935 - Página 1
Abaixo mais um jornal. Dessa vez "O Ouro Preto", de 12 de abril de 1975, demonstra, em uma breve manchete, a grandeza e fulgência da celebração realizada naquele ano.
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal O Ouro Preto - 12/04/1975 - Página 1
Os documentos e jornais apresentados na postagem encontram-se disponíveis para pesquisa no APMOP.
Abaixo segue a programação da Semana Santa deste ano, a ser realizada na Basílica de Nossa Senhora do Pilar.

Referências:
CAMPOS, Adalgisa Arantes. Quaresma e tríduo sacro nas minas setecentistas: cultura material e liturgia. Belo Horizonte: Revista Barroco, 1993.
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1868
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal Voz de Ouro Preto - 08/05/1935 - Página 1
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal O Ouro Preto - 12/04/1975 - Página 1
Paróquia do Pilar, Ouro Preto - Programação Semana Santa 2014
[POSTAGEM: Eric Vinícius Pinto Megale (estagiário) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira] 

Semana Santa de Ouro Preto - Tradição e Fé

Durante o período barroco, a religiosidade passou a fazer parte da alma de Vila Rica. Foi nessa época que a celebração do período quaresmal e da Semana Santa tornou-se uma tradição, firmada na morte e ressurreição de Jesus Cristo, bem como em sua "missão redentora".
Pelo fato de Ouro Preto possuir naqueles tempos duas igrejas matrizes - a Basílica de Nossa Senhora do Pilar e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição - passou a ser feito um revezamento anual entre ambas na realização da Semana Santa. Estes momentos de fé e reflexão começam para os Católicos do mundo na Quarta-Feira de Cinzas, mas em Ouro Preto a preparação tem início com o Setenário das Dores da Virgem Maria, celebração essa que acontece na Basílica do Pilar e se constitui pela reflexão das sete dores de Nossa Senhora. O rito ocorre durante 7 sextas-feiras, iniciando-se na sexta-feira anterior ao período carnavalesco e terminando na sexta-feira das dores, quando acontece a procissão do depósito de Nossa Senhora. No sábado acontece a procissão do depósito do Senhor dos Passos. No Domingo de Ramos começa a Semana Santa, com a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, quando a população fiel lançou ramos pelo caminho para aclamá-lo. A celebração termina no Domingo da Ressurreição.
A realização destas cerimônias - do século XVIII até meados do XX - era de responsabilidade das várias irmandades e confrarias: Os Terceiros Carmelitas, os Franciscanos, as Irmandades do Santíssimo Sacramento e do Bom Jesus dos Passos. A irmandade do Bom Jesus dos Passos foi extinta, mas durante o tempo que funcionou, exerceu função importante na preparação das celebrações como pode ser comprovado através dos Recibos de compra de amêndoas e velas abaixo.
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1868

Programação detalhada da Semana Santa de 1897, realizada na Basílica de Nossa Senhora do Pilar:
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
Este jornal "Voz de Ouro Preto", de maio de 1935, apresenta um panorama sobre as festividades que aconteceram na Semana Santa:
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal Voz de Ouro Preto - 08/05/1935 - Página 1
Abaixo mais um jornal. Dessa vez "O Ouro Preto", de 12 de abril de 1975, demonstra, em uma breve manchete, a grandeza e fulgência da celebração realizada naquele ano.
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal O Ouro Preto - 12/04/1975 - Página 1
Os documentos e jornais apresentados na postagem encontram-se disponíveis para pesquisa no APMOP.
Abaixo segue a programação da Semana Santa deste ano, a ser realizada na Basílica de Nossa Senhora do Pilar.

Referências:
CAMPOS, Adalgisa Arantes. Quaresma e tríduo sacro nas minas setecentistas: cultura material e liturgia. Belo Horizonte: Revista Barroco, 1993.
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1868
APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Vereança - Ano: 1897
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal Voz de Ouro Preto - 08/05/1935 - Página 1
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal O Ouro Preto - 12/04/1975 - Página 1
Paróquia do Pilar, Ouro Preto - Programação Semana Santa 2014
[POSTAGEM: Eric Vinícius Pinto Megale (estagiário) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]