Vila Rica.
“Entre montanhas, de imensa altura, e delas rodeada, em forma que a vista senão
pode estender, se levantou esta vila, e suposto que abatida pela profundidade
em que esta a maior parte dela situada, mais soberba, e opulenta que todas,
assim pela frequência de comerciantes, como pela abundância de suas minas,
mormente da inacessível Montanha de Tapanhacanga, em cujas fraldas se encosta,
e descansa. Esta serra é um Potosi de ouro”
Vista geral da Cidade de Ouro Preto |
O acervo por nós custodiado possui um grande potencial de pesquisa no que
tange as ações executadas pelo poder publico que provocaram a transformação de
Ouro Preto no que ela é hoje. Nesta postagem apresentamos fragmentos de um
estudo que foi encomendado pela Câmara Municipal de Ouro Preto, nos anos finais
do século XIX, na busca de soluções para a expansão do núcleo urbano da cidade,
limitada pelas antigas concessões de Sesmarias e Datas minerais.
Medição e Demarcação da Sesmaria limitrofe da cidade de Ouro Preto de 1.808 . |
O historiador Jacque Legoff, em seu livro “Por Amor às Cidades”, traça um
paralelo interessante entre os sentimentos que envolvem a cidade Medieval e a
cidade contemporânea. Para o autor, ao contrario do sentimento de perda que uma
demolição ou um incêndio causam nos habitante da cidade, “a idade média prefere ser representada como um canteiro de obras... o
otimismo dinâmico urbano: A cidade é um lugar em que mais se constrói, do que
se conserva ou se destrói.”[1]
Esta ideia do medievalista provoca a
reflexão sobre o que a cidade deve construir: convivência, diálogo, conforto,
urbanidade. A aproximação e apropriação entre o centro e a periferia devem ser
estimuladas. É preciso construir pontes e não muros como nas cidades antigas,
que apesar de proteger, limitavam o crescimento e o desenvolvimento, porque o
que estava fora dos muros era o inimigo.
O relatório (apresentado
abaixo) traz uma extensa análise das ações legais das questões fundiárias da região
ocupada por datas Minerais localizadas nas áreas adjacentes aos terrenos da
Sesmaria Municipal, neste momento colocado como soluções para o crescimento
urbano da cidade.
Parte final do Relatório |
Fragmento do relatório |
Devido ao estado de deterioração do original, optamos por fazer a
transcrição integral do documento que será colocada à disposição em anexo.
A velha cidade ainda hoje passa por problemas ligados à regulação urbana.
A época é outra, mas a discussões sobre propriedades públicas ou particulares e
áreas de expansão ainda estão na ordem do dia, com mais um fator complicador
que é a proteção do núcleo tombado. Se na idade média a palavra chave era o
construir, agora aparece outro conceito – o preservar-. Estas áreas periféricas
possuem patrimônio arqueológico e arquitetônico, além da importante função de emoldurar
o núcleo Central.
Link para baixar a transcrição:
Referências bibliográficas:
LE GOFF, Jacques, 1924 - Por amor às cidades: conversações com Jean Lebrun; tradução Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes. - São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
Postagem e revisão: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira
Postagem e revisão: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira
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