APMOP - Acervo de Jornais - Jornal A Voz de Ouro Preto - 16/07/1935 - Página 1 |
Em fins do
século XIX, mais precisamente em 1897, a capital administrativa de Minas Gerais
foi transferida de Vila Rica (Ouro Preto) para Belo Horizonte. Esse fato foi
muito marcante para os habitantes de Ouro Preto, que sentiram essa mudança no
aspecto econômico e social da cidade, especialmente no que diz respeito ao
abandono populacional. Foi um momento de muita tensão para a antiga capital da
província, pois se temia que houvesse um esquecimento das tradições em
detrimento da modernização que Belo Horizonte prometia.
Entretanto,
apesar desse “esquecimento”, a cidade nunca perdeu a importância que teve para
a história de Minas Gerais, tanto no que diz respeito a importantes sedições,
como a Inconfidência Mineira, como por abrigar o maior conjunto homogêneo de
arquitetura barroca no Brasil.
Essa importância
pode ser ressaltada a partir da visita dos integrantes do Movimento Modernista
na década de vinte do século XX, que acabou por dar uma nova visibilidade à
cidade enquanto detentora desse patrimônio arquitetônico e cultural.
Na década de
trinta, a partir da nomeação do prefeito João Velloso essa importância passa a
ser vista pela própria administração municipal, onde se passou a sentir a necessidade
de preservar a cidade.
O documento
abaixo mostra uma das primeiras tentativas de João Velloso em preservar umas
das tradições da cidade, como a utilização do antigo brasão de armas de Ouro
Preto como timbre nos documentos oficiais:
APMOP - Livro de Decretos e Leis N°1 - Ano: 1931 |
No decreto a
seguir é o apoio ao recém criado Instituto Histórico de Ouro Preto, que tinha
como patrono Antonio Francisco Lisboa, onde tinha como objetivo, segundo o
próprio documento: “cultuar as tradições e defender o patrimônio histórico e
artístico de Ouro Preto”:
APMOP - Livro de Decretos e Leis N°1 - Ano: 1931 |
Já no decreto
número 13, ficam mais claras as intenções de João Velloso em manter o aspecto
arquitetônico da cidade, que tinha como objetivo manter sua face colonial:
APMOP - Livro de Decretos e Leis N°1 - Ano: 1931 |
No decreto
número 25, João Velloso reafirma as intenções expostas no decreto 13, que
obrigavam os proprietários a preservar as características coloniais das
fachadas de suas construções.
APMOP - Livro de Decretos e Leis N°1 - Ano: 1932 |
Essa preocupação também podia ser sentida em
alguns meios de comunicação, como demonstra a publicação a seguir do jornal A
voz de Ouro Preto, de 6 de outubro de 1935:
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal A Voz de Ouro Preto - 06/10/1935 - Página 1 |
Portanto, podemos
notar que o prefeito João Velloso criou as primeiras leis de proteção ao
patrimônio edificado da cidade, que antecede a lei de tombamento de Ouro Preto
como Monumento Nacional, sancionada pelo governo de Vargas apenas em 12 de
julho de 1935.
Referências:
APMOP - Livro de Decretos e Leis N°1 - Anos: 1931 e 1932
APMOP - Acervo de Jornais - Jornal A Voz de Ouro Preto - 16/07/1935 - Página 1; 06/10/1935 - Página 1
[POSTAGEM: Samantha Blazizza e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - Revisão: Helenice Oliveira]
Realmente tenho orgulho do meu bisavô. Hj sou honrado em poder dar aulas sobre Tombamento em todo Brasil, e sinto essa paixão pela proteção do patrimônio público no meu DNA. Parabéns arquivo público municipal. Prof. dr. leandro velloso
ResponderExcluirEu, neto de João Velloso, posso dizer que sua história, cultura e preocupação com a causa pública e dos menos favorecidos foram herdados pelo seu filho, meu pai, JOAO VELLOSO FILHO, pessoas que agradeço a Deus da minha origem, ANTONIO CARLOS BRUGNI VELLOSO, Defensor Público Estado de Minas Gerais.
ResponderExcluirEu, neto de João Velloso, posso dizer que sua história, cultura e preocupação com a causa pública e dos menos favorecidos foram herdados pelo seu filho, meu pai, JOAO VELLOSO FILHO, pessoas que agradeço a Deus da minha origem, ANTONIO CARLOS BRUGNI VELLOSO, Defensor Público Estado de Minas Gerais.
ResponderExcluirHoje posso falar com muito orgulho que João Velloso é minha inspiração diária e faz parte do meu Direito Administrativo. Leandro Velloso. Procurador Jurídico Federal. Professor de Direito Administrativo. Autor e co-autor de 14 obras jurídicas. www.leandrovelloso.com.br
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