Folder do Carnaval de Ouro Preto de 2013, Ilustração de Afonso Penna |
“Na noite alta de Ouro Preto, o eco redobrou o batecum das caixas e bombos. Foi-se acentuando, foi se aproximando e se precisou. Toque seco, cadenciado regular...“(Almeida, Renato. Diário de Pernambuco 23/02/1958). A descrição feita pelo folclorista Renato Almeida nos apresenta um panorama de como esta tradição foi se mantendo ao logo de todos estes anos: O Clube dos Lacaios se apresentava com um estandarte , carregado por um jovem vestido com casaca de cor e grandes botões e cartola, na entrada os clarins tocavam a marcha Aída do compositor italiano Verdi. Faziam ainda parte do cortejo um catitão, a baiana, além de vários mascarados, uma grande ave, cabeçorras e os cariás. O grupos de instrumentos era formado por 5 clarins, 18 caixas, 2 bumbos, 2 pratos, e 3 taróis. Três ritmos diferentes eram tocados: um para subir as ladeiras ou para descer e um terceiro para o desfile em linha reta.
Neste ano de 2017, a mais antiga agremiação carnavalesca do Brasil comemora seu jubileu de 150 anos, notadamente a cidade de Ouro abre alas para estas comemorações.
Reconhecimento do Prefeito Washington de Araújo Dias pelo resgate da tradição dos Zé Pereira em 1938 |
Esta postagem permite-nos visitar os carnavais antigos, apesar do jornal não registrar a presença dos Lacaios em 1923, visto que, durante sua caminha sofre percalços e interrupções momentâneas, quer por problemas financeiros ou devido à eclosão da II Guerra Mundial, contudo, seus membros conseguiram, de renascimento em renascimento trazer o Zé Pereira do Clube dos Lacaios aos nossos dias, tornando-a a mais tradicional e característica agremiação do nosso carnaval.
O Jornal "O Ouro Preto" do dia 11 de fevereiro de 1923 publicou um artigo assinado por E. Pequeno com o título “No Carnaval” que retrata de maneira bem poética o antigo carnaval e particularmente a figura do Pierrot, um personagem carnavalesco, mas que traz em si uma tristeza melancólica.
A descrição do ambiente da cidade pode ser percebida e em boa medida sentida no artigo “Carnaval”, retirado do jornal “O Momo triunphando”. Nele é descrito o ambiente em que se transforma a cidade durante estes dias festivos: “As sacadas e as varandas das casas que circundam a Praça regurgitavam de pessoas, em cujos semblantes se lia bem a mesma impressão de alegria e de enthusiasmo.” Na década de 1920, o desfile do corço e o grupos de foliões mascarados da tônica à folia.
Na narrativa do Jornal Ouro Preto do dia 18 de fevereiro de 1923 “Últimos Ecos do Carnaval”, é possível notar como o reinado de Momo causava um efervescer na cidade. Para as crianças existia a organização do “grupo de Folia Infantil”, cuja parte musical ficava a cargo da “Banda do 4º Batalhão de Caçadores”, e o grupo “Carnavalesco Infantil de Antônio Dias e seu Zé Pereirinha” com cornetas, tambores, caixas e chocalhos, seguido do estandarte e um carro alegórico. Havia ainda outros grupos destinados à folia infantil: “A infância, a Mocidade e Velhice” que vinha acompanhada de orquestra com predominância do violino, o grupo dos "Cutubinhas”, o grupo dos “Morcegos”, “O Casamento na Roça” e “O Baptizado do Furquinha” que usavam trajes com referência aos trabalhadores do campo. O grupo da “Borboletinhas “ e dos “Coatis” .
Já a população adulta era contemplada com a realização grandes bailes com desfiles de fantasias, destacando-se o do Centro acadêmico da Escola de Minas e as apresentações de agremiações carnavalescas como “Os Batutas”, tendo a frente seu corpo de Clarins seguido de um grupo de cavaleiros e carro alegórico.
E viva o Carnaval de Ouro Preto!!!!
Referência:
ALMEIDA, Renato. Zé Pereira de Ouro Preto retirado do Diário de Pernambuco edição 00042 de 23/02/1958 Acessível em : hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, presente em: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
Jornal O Ouro Preto, 11 e 18 de Fevereiro de 1923.
Jornal Mineiro, 1 de Março de 1900.
Correspondências de 1938/1939 do fundo PMOP, Arquivo Público Municipal de Ouro Preto.
Postagem e Revisão: Helenice Oliveira (Historiadora) e Polyana Oliveira (Arquivista)
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