sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O PROCESSO ELEITORAL E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA


Como se aproximam as eleições, viemos através desta postagem, apontar alguns elementos usados no processo eleitoral brasileiro. São documentos que incluem: articulação política, panfletos de propaganda, entre outros, que fazem parte de nosso acervo e que estão disponíveis para pesquisa.

Ainda que não havia entrado em vigor o sufrágio universal, percebemos que a disseminação das plataformas políticas e suas ideias, através da propaganda impressa para a divulgação das candidaturas, quer sejam através de cartas abertas ou panfletos, eram de tamanha importância.

Carta aberta aos eleitores em 1883 enviada por Evaristo Ferreira da Veiga. Fundo José Pedro Xavier da Veiga, Cx 1.

Resultado eleitoral 1884


O primeiro documento se refere a pedidos de votos nas eleições de 1886, e o segundo é uma carta circular dirigida aos dignos eleitores da província de Minas Gerais
Ao analisarmos o panfleto anterior, podemos identificar que o documento em questão se apresenta com uma linguagem rebuscada que ajuda a identificar a qual público alvo se pretendia atingir, público este que seria uma camada privilegiada que detinha o poder do voto.

Propostas Políticas
O documento que se segue apresenta uma proposta do partido conservador, estando relacionada  à defesa da manutenção da escravidão no Brasil, alegando que o seu fim causaria um desordenamento social, político e econômico. Nas palavras do partido conservador: “como se vê e está bem claro, é empenho do partido liberal acabar em dois annos com a escravatura no Brazil, ainda que os lavradores fiquem arruinados, que a sociedade soffra uma commoção desastrosa e o Estado seja precipitado na banca-rota e na anarchia!”  O partido, salienta também que este processo já havia começado e que aconteceria de maneira natural, não necessitando para isso uma lei que regulamentasse sua extinção de maneira abrupta.

Carta do Partido conservador dirigido aos fazendeiros em 1887
Por outro lado, o partido Liberal afirmando a defesa dos valores democráticos, busca em seu panfleto fortalecer o compromisso em defesa da autonomia das províncias, melhores condições e facilidades de capitais para auxilio e eficácia na lavoura. Sendo para isso preciso a aplicação de novas "técnicas de trabalho".
Carta do partido Liberal dirigida ao amigo eleitor, 1888.

Criação de Partidos
Já no século XX, com a aplicação dos direitos políticos e consequentemente da participação de novos entes com suas demandas, fazem com que se criem as condições para novos partidos. Os documentos que se seguem apresentam tanto o processo de criação como as propostas de um partido político em 1945. 


A série de documentos apresentados  mostram as mudanças de  concepção de público alvo, do qual os partidos pretendiam atingir, passando a propaganda nesse momento a se direcionar não apenas ao seleto grupo de cidadãos votantes, no caso, a classe  agrária do país, como no documento anterior que enfoca os fazendeiros. 

O último  documento analisado dirige-se a um público mais abrangente, com uma linguagem mais acessível característica de uma classe que não teve tanto acesso a instrução. As abordagens são claras e diretas, salientando o valor do voto, que em sentido político, “manda mais que o dinheiro do rico”. O panfleto tenta despertar no eleitor uma consciência política através da insistência: “Não desperdice o seu voto!”, estampado com foco principal na capa do documento. Esta característica é um diferencial fundamental da nova forma de propaganda. Uma mudança de perspectiva da vida partidária e das plataformas políticas. Outra característica que pode ser analisada através dessa seleção  de documentos diz respeito ao processo de estruturação e criação de um partido, que além de buscar o apoio da população, proporciona à sociedade um maior conhecimento de seus direitos. 


Referências:

Documento de 1 à 6:  Fundo José Pedro Xavier da Veiga, séries correspondências.

Documento  7: Fundo CMOP, série correspondência.

[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

O PROCESSO ELEITORAL E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA


Como se aproximam as eleições, viemos através desta postagem, apontar alguns elementos usados no processo eleitoral brasileiro. São documentos que incluem: articulação política, panfletos de propaganda, entre outros, que fazem parte de nosso acervo e que estão disponíveis para pesquisa.

Ainda que não havia entrado em vigor o sufrágio universal, percebemos que a disseminação das plataformas políticas e suas ideias, através da propaganda impressa para a divulgação das candidaturas, quer sejam através de cartas abertas ou panfletos, eram de tamanha importância.

Carta aberta aos eleitores em 1883 enviada por Evaristo Ferreira da Veiga. Fundo José Pedro Xavier da Veiga, Cx 1.

Resultado eleitoral 1884


O primeiro documento se refere a pedidos de votos nas eleições de 1886, e o segundo é uma carta circular dirigida aos dignos eleitores da província de Minas Gerais
Ao analisarmos o panfleto anterior, podemos identificar que o documento em questão se apresenta com uma linguagem rebuscada que ajuda a identificar a qual público alvo se pretendia atingir, público este que seria uma camada privilegiada que detinha o poder do voto.

Propostas Políticas
O documento que se segue apresenta uma proposta do partido conservador, estando relacionada  à defesa da manutenção da escravidão no Brasil, alegando que o seu fim causaria um desordenamento social, político e econômico. Nas palavras do partido conservador: “como se vê e está bem claro, é empenho do partido liberal acabar em dois annos com a escravatura no Brazil, ainda que os lavradores fiquem arruinados, que a sociedade soffra uma commoção desastrosa e o Estado seja precipitado na banca-rota e na anarchia!”  O partido, salienta também que este processo já havia começado e que aconteceria de maneira natural, não necessitando para isso uma lei que regulamentasse sua extinção de maneira abrupta.

Carta do Partido conservador dirigido aos fazendeiros em 1887
Por outro lado, o partido Liberal afirmando a defesa dos valores democráticos, busca em seu panfleto fortalecer o compromisso em defesa da autonomia das províncias, melhores condições e facilidades de capitais para auxilio e eficácia na lavoura. Sendo para isso preciso a aplicação de novas "técnicas de trabalho".
Carta do partido Liberal dirigida ao amigo eleitor, 1888.

Criação de Partidos
Já no século XX, com a aplicação dos direitos políticos e consequentemente da participação de novos entes com suas demandas, fazem com que se criem as condições para novos partidos. Os documentos que se seguem apresentam tanto o processo de criação como as propostas de um partido político em 1945. 


A série de documentos apresentados  mostram as mudanças de  concepção de público alvo, do qual os partidos pretendiam atingir, passando a propaganda nesse momento a se direcionar não apenas ao seleto grupo de cidadãos votantes, no caso, a classe  agrária do país, como no documento anterior que enfoca os fazendeiros. 

O último  documento analisado dirige-se a um público mais abrangente, com uma linguagem mais acessível característica de uma classe que não teve tanto acesso a instrução. As abordagens são claras e diretas, salientando o valor do voto, que em sentido político, “manda mais que o dinheiro do rico”. O panfleto tenta despertar no eleitor uma consciência política através da insistência: “Não desperdice o seu voto!”, estampado com foco principal na capa do documento. Esta característica é um diferencial fundamental da nova forma de propaganda. Uma mudança de perspectiva da vida partidária e das plataformas políticas. Outra característica que pode ser analisada através dessa seleção  de documentos diz respeito ao processo de estruturação e criação de um partido, que além de buscar o apoio da população, proporciona à sociedade um maior conhecimento de seus direitos. 


Referências:

Documento de 1 à 6:  Fundo José Pedro Xavier da Veiga, séries correspondências.

Documento  7: Fundo CMOP, série correspondência.

[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

quarta-feira, 23 de julho de 2014

303 Anos de Ouro Preto: Quem ama preserva


Para o encerramento do mês de aniversário de Ouro Preto, resolvemos reunir nessa postagem algumas características, visões e interpretações de alguns elementos que constituíram ao longo da História, para que nosso município se constituísse no que se tornou nos dias atuais. 

Fruto de lutas diversas, já no final do século XVII com o início do povoamento e as descobertas das primeiras jazidas de Ouro, "[...] os tesouros sonhados se lhes deparavam reluzentes como conquista feita. Os arraiais nasciam. "[1] Com o desenvolvimento dos arraiais e a elevação da população em consequência da busca pelo ouro, no dia oito de julho de mil setecentos e onze, é fundada por Antônio de Albuquerque, como Vila Rica de Albuquerque, logo em seguida teve seu nome mudado para Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, em homenagem à padroeira de um dos arraiais. 

Enfim no ano de mil oitocentos e vinte e três, por carta, o Imperador Dom Pedro I recebe o título de Imperial Cidade de Ouro Preto. Os documentos que se seguem mostram um pouco da trajetória da História da cidade até que se tornasse a Ouro Preto de hoje: suas crenças, culturas e tradições ao longo do tempo.

Poesia de Cíntia de Fátima oferecida ao Arquivo Público em 2013

Durante quase dois séculos Ouro Preto abrigou a Capital de Minas Gerais. Já no início do Período Republicano em 1891 se discutia a possibilidade da transferência da Capital para outra localidade. O documento a seguir é uma correspondência da CMOP (Câmera Municipal de Ouro Preto) dirigida ao Congresso Mineiro no intuito de defender a posição da velha Capital.
Livro de registro de ofícios e portarias 1982, 1983 folha 179
A construção da identidade da gente ouro-pretana se faz através do respeito às tradições e costumes, um legado que é seguido ao longo de sua História. Como vemos nos Jornais a seguir: do resgate das serestas às festas juninas e a reedição do Triunfo Eucarístico de 1733.

Jornal O Globo 01 e 02/04/1971

Folder de divulgação do Triunfo Eucarístico 1991

Correspondências 1962

Em 1980 seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO foi noticiado pelo Jornal O Globo, que traz na mesma página uma notícia sobre o roubo das peças sacras da Matriz do Pilar ocorrido em anos anteriores, deixando entender que por mais que se saiba da importância cultural da cidade, seu patrimônio ainda permanece em risco.
Imagem 1: Jornal O Globo 03/09/1980. Imagem 2:Livro de visitas do Município de Ouro Preto, Gabinete do Prefeito 2007 - 2012
A quem cabe proteger o Patrimônio? Essa pergunta poderia ter várias respostas, mas ao longo do tempo, cada vez mais os moradores de Ouro Preto se sentem responsáveis por esta tarefa. Como exemplo de cidadão preocupado com sua cidade, apresentamos o Tonico Zelador que de maneira voluntária se dispôs a deixar as ruas da cidade mais limpas. 
Fundo Tonico Zelador - Informativo Alto da Cruz, 3º edição, Outubro de 1997
  [1] SALES, Fritz Teixeira de. Vila Rica do Pilar, Editora Itatiaia, 1965 P.24.

[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

303 Anos de Ouro Preto: Quem ama preserva


Para o encerramento do mês de aniversário de Ouro Preto, resolvemos reunir nessa postagem algumas características, visões e interpretações de alguns elementos que constituíram ao longo da História, para que nosso município se constituísse no que se tornou nos dias atuais. 

Fruto de lutas diversas, já no final do século XVII com o início do povoamento e as descobertas das primeiras jazidas de Ouro, "[...] os tesouros sonhados se lhes deparavam reluzentes como conquista feita. Os arraiais nasciam. "[1] Com o desenvolvimento dos arraiais e a elevação da população em consequência da busca pelo ouro, no dia oito de julho de mil setecentos e onze, é fundada por Antônio de Albuquerque, como Vila Rica de Albuquerque, logo em seguida teve seu nome mudado para Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, em homenagem à padroeira de um dos arraiais. 

Enfim no ano de mil oitocentos e vinte e três, por carta, o Imperador Dom Pedro I recebe o título de Imperial Cidade de Ouro Preto. Os documentos que se seguem mostram um pouco da trajetória da História da cidade até que se tornasse a Ouro Preto de hoje: suas crenças, culturas e tradições ao longo do tempo.

Poesia de Cíntia de Fátima oferecida ao Arquivo Público em 2013

Durante quase dois séculos Ouro Preto abrigou a Capital de Minas Gerais. Já no início do Período Republicano em 1891 se discutia a possibilidade da transferência da Capital para outra localidade. O documento a seguir é uma correspondência da CMOP (Câmera Municipal de Ouro Preto) dirigida ao Congresso Mineiro no intuito de defender a posição da velha Capital.
Livro de registro de ofícios e portarias 1982, 1983 folha 179
A construção da identidade da gente ouro-pretana se faz através do respeito às tradições e costumes, um legado que é seguido ao longo de sua História. Como vemos nos Jornais a seguir: do resgate das serestas às festas juninas e a reedição do Triunfo Eucarístico de 1733.

Jornal O Globo 01 e 02/04/1971

Folder de divulgação do Triunfo Eucarístico 1991

Correspondências 1962

Em 1980 seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO foi noticiado pelo Jornal O Globo, que traz na mesma página uma notícia sobre o roubo das peças sacras da Matriz do Pilar ocorrido em anos anteriores, deixando entender que por mais que se saiba da importância cultural da cidade, seu patrimônio ainda permanece em risco.
Imagem 1: Jornal O Globo 03/09/1980. Imagem 2:Livro de visitas do Município de Ouro Preto, Gabinete do Prefeito 2007 - 2012
A quem cabe proteger o Patrimônio? Essa pergunta poderia ter várias respostas, mas ao longo do tempo, cada vez mais os moradores de Ouro Preto se sentem responsáveis por esta tarefa. Como exemplo de cidadão preocupado com sua cidade, apresentamos o Tonico Zelador que de maneira voluntária se dispôs a deixar as ruas da cidade mais limpas. 
Fundo Tonico Zelador - Informativo Alto da Cruz, 3º edição, Outubro de 1997
  [1] SALES, Fritz Teixeira de. Vila Rica do Pilar, Editora Itatiaia, 1965 P.24.

[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Festas oficiais da Câmara - O Corpus Christi

Figura 1: Tapete para a Procissão de Corpus Christi, na rua Getúlio Vargas
A festa de Corpus Christi foi instituída com a Bula Transiturus de Hoc Mundo, de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Após receber o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon - visões estas que, após serem interpretadas pela Igreja, revelaram a necessidade da realização de uma festa da Eucaristia no Ano Litúrgico - o Papa Urbano IV oficializou, com a Bula, a celebração do Corpus Christi.
Nas festas de Corpus Christi realizadas no Brasil, é comum enfeitar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos religiosos que remetem ao sacramento da Eucaristia. A tradição do enfeite das ruas foi trazida de Portugal pelos colonizadores. Para confeccionar os tapetes são utilizados diversos materiais, desde flores e borra de café, até serragem colorida. No entanto, antigamente o costume era de ornamentar o caminho apenas com matérias vivas como pétalas, folhas e flores, remetendo ao sentido da vida presente no sacramento da Eucaristia.
Às vésperas de mais um Corpus Christi em Ouro Preto, o APMOP relembra a tradição expondo alguns documentos referentes à festa, datados do século XIX. Até o século XIX, o Corpus Christi era uma festa oficial da Câmara, regida por ordem régia, cabendo a essa instituição os preparativos da celebração.

Abaixo uma Ata de Reunião da Câmara determinando os preparativos da cidade para a festa de Corpus Christi de 1848:
Figura 2: Livro de Atas de Seção da CMOP, 1848
Abaixo um recibo de empréstimo para a preparação da festa, de 1886:
Figura 3: Recibo de empréstimo
Abaixo um requerimento de verba para realização da festa, de 1896:
Figura 4: Requerimento de Verba Orçamentária
Programação da festa de Corpus Christi deste ano de 2014:
Referências:
Figura 1: Disponível em: [http://www.hojeemdia.com.br/minas/artistas-da-madrugada-enfeitam-ruas-historicas-de-ouro-preto-1.129735]. Acesso em: 18-jun-2014.
Figura 2: APMOP - Fundo: CMOP - Livro de Atas de Seção - Folhas 187 e 188 - Anos: 1845 a 1848
Figura 3: APMOP - Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1886 (Documentação não catalogada)
Figura 4: APMOP - Requerimento de Verba Orçamentária - Ano: 1896 (Documentação não catalogada)
Figura 5: Paróquias de Nossa Sra. do Pilar e Nossa Sra. da Conceição: Programação do Corpus Christi de 2014
[POSTAGEM: Eric Vinícius Pinto Megale e Miguel Pereira dos Santos (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

Festas oficiais da Câmara - O Corpus Christi

Figura 1: Tapete para a Procissão de Corpus Christi, na rua Getúlio Vargas
A festa de Corpus Christi foi instituída com a Bula Transiturus de Hoc Mundo, de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade. Após receber o segredo das visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon - visões estas que, após serem interpretadas pela Igreja, revelaram a necessidade da realização de uma festa da Eucaristia no Ano Litúrgico - o Papa Urbano IV oficializou, com a Bula, a celebração do Corpus Christi.
Nas festas de Corpus Christi realizadas no Brasil, é comum enfeitar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos religiosos que remetem ao sacramento da Eucaristia. A tradição do enfeite das ruas foi trazida de Portugal pelos colonizadores. Para confeccionar os tapetes são utilizados diversos materiais, desde flores e borra de café, até serragem colorida. No entanto, antigamente o costume era de ornamentar o caminho apenas com matérias vivas como pétalas, folhas e flores, remetendo ao sentido da vida presente no sacramento da Eucaristia.
Às vésperas de mais um Corpus Christi em Ouro Preto, o APMOP relembra a tradição expondo alguns documentos referentes à festa, datados do século XIX. Até o século XIX, o Corpus Christi era uma festa oficial da Câmara, regida por ordem régia, cabendo a essa instituição os preparativos da celebração.

Abaixo uma Ata de Reunião da Câmara determinando os preparativos da cidade para a festa de Corpus Christi de 1848:
Figura 2: Livro de Atas de Seção da CMOP, 1848
Abaixo um recibo de empréstimo para a preparação da festa, de 1886:
Figura 3: Recibo de empréstimo
Abaixo um requerimento de verba para realização da festa, de 1896:
Figura 4: Requerimento de Verba Orçamentária
Programação da festa de Corpus Christi deste ano de 2014:
Referências:
Figura 1: Disponível em: [http://www.hojeemdia.com.br/minas/artistas-da-madrugada-enfeitam-ruas-historicas-de-ouro-preto-1.129735]. Acesso em: 18-jun-2014.
Figura 2: APMOP - Fundo: CMOP - Livro de Atas de Seção - Folhas 187 e 188 - Anos: 1845 a 1848
Figura 3: APMOP - Comprobatórios de Receita e Despesa - Ano: 1886 (Documentação não catalogada)
Figura 4: APMOP - Requerimento de Verba Orçamentária - Ano: 1896 (Documentação não catalogada)
Figura 5: Paróquias de Nossa Sra. do Pilar e Nossa Sra. da Conceição: Programação do Corpus Christi de 2014
[POSTAGEM: Eric Vinícius Pinto Megale e Miguel Pereira dos Santos (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

terça-feira, 29 de abril de 2014

Conservação do Patrimônio - A Casa da Ópera de Ouro Preto

O TEATRO GREGO E SEUS ESPAÇOS

O teatro tem suas origens na Grécia Antiga, especificamente em Atenas no século VI a.C. Seu surgimento tem uma ligação marcada pela religiosidade, onde utilizavam-se de rituais sagrados em homenagem aos deuses da fertilidade, da vegetação, da vinha, etc. Construídos nas encostas escavadas, com suas arquibancadas semicirculares destinadas ao público, e o palco apenas como um relvado, esses ambientes eram ao ar livre e poderiam variar de forma e tamanho, sendo nos formatos retangular, semicircular, ferradura ou misto.
Figura 1: Teatro Grego
IDADE MÉDIA

Já na Idade Média, o teatro renasce timidamente nas igrejas e monastérios, e assim como na Grécia, tinha seus princípios voltados para fins religiosos, sendo escritos e representados inicialmente pelos membros do clero. No entanto, eram apresentados também temas populares do cotidiano, com a participação dos fiéis como figurantes e, posteriormente, como atores. Ao contrário da maneira representada nos espaços físicos anteriormente, o teatro na Idade Média era encenado ao ar livre diante das catedrais, igrejas, no meio rural e na grande praça da cidade. Não havia nesse período um local específico unicamente para peças teatrais.
Figura 2: Pintura ilustrativa de um Teatro Medieval Francês
RENASCIMENTO

O teatro renascentista surge no contexto da decadência religiosa. Assim sendo, os temas religiosos perdem espaço dentro das ênfases teatrais. A partir desse momento o homem passa a ser o centro do universo teatral, e não apenas Deus. Nesse clima de mudanças dentro do próprio ambiente cênico, o espaço também é modificado. O palco torna-se um lugar onde as peças se desenvolvem sem interrupções, de modo rápido e com grande número de figurantes, havendo então uma inter-relação entre plateia e palco. Em relação frontal de oposição, os espectadores ficavam bem próximos dos atores e aplaudiam ou vaiavam conforme sua aprovação. O desenvolvimento tecnológico modificou todo o aparato técnico que cercava os espetáculos, levando os pintores renascentistas a utilizarem os cenários com o intuito de dar profundidade ao espaço do palco.
Figura 3: O interior do Comédie-Française, em Paris
CASA DA ÓPERA

A Casa da Ópera de Vila Rica, atual Teatro Municipal de Ouro Preto, foi inaugurada em 6 de junho de 1770 e é o teatro mais antigo em funcionamento das Américas, constando inclusive no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Tem o formato de lira e é um dos únicos no mundo a fazer referência ao instrumento que marca o nascimento da ópera. Foi construído pelo coronel João de Souza Lisboa e teve projeto arquitetônico - nos moldes do barroco italiano - realizado por Mateus Garcia.
Já no século XIX foi adquirido pelo governo provincial, sendo transferido para os cuidados da então Câmara Municipal da antiga Capital - Ouro Preto - na década de 1890, quando da mudança da capital para Belo Horizonte. Desde então o município passou a ser o responsável por sua preservação conforme pode ser visto no documento abaixo:
Figura 4: Documento referente à entrega das chaves do Teatro
Em 1993 a Casa da Ópera necessitou de uma reforma e aparelhamento devido ao estado precário em que se encontravam as instalações. O projeto foi assinado pelo renomado arquiteto e cenógrafo Raul Belém Machado, falecido em setembro de 2012.
Segue abaixo uma das plantas assinadas por Raul Belém na época da reforma:
Figura 5: Planta descritiva assinada por Raul Belém Machado
No dia 23 deste mês, após uma vistoria, a Casa da Ópera foi interditada pelo Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, por falta de extintores, problemas na estrutura e danificações na parte elétrica. A população do município espera que as devidas medidas sejam tomadas a fim de que um dos grandes símbolos de Ouro Preto volte a funcionar.
Encontra-se disponível para pesquisa no APMOP, o dossiê referente ao projeto de Raul Belém, além de fotos e outras especificações.
Figura 6: Casa da Ópera, Ouro Preto
Referências:
FIGURAS 1, 2 e 3: Disponível em: [http://dc423.4shared.com/doc/iKjqVHXh/preview.html]. Acesso em: 28-abr-2014.
FIGURA 4: APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1897
FIGURA 5: APMOP - Fundo: PMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1994
FIGURA 6: Disponível em: [http://pacotesturisticos.sendtur.com.br/ouro-preto-terra-das-artes-barrocas/]. Acesso em: 29-abr-2014.
[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]

Conservação do Patrimônio - A Casa da Ópera de Ouro Preto

O TEATRO GREGO E SEUS ESPAÇOS

O teatro tem suas origens na Grécia Antiga, especificamente em Atenas no século VI a.C. Seu surgimento tem uma ligação marcada pela religiosidade, onde utilizavam-se de rituais sagrados em homenagem aos deuses da fertilidade, da vegetação, da vinha, etc. Construídos nas encostas escavadas, com suas arquibancadas semicirculares destinadas ao público, e o palco apenas como um relvado, esses ambientes eram ao ar livre e poderiam variar de forma e tamanho, sendo nos formatos retangular, semicircular, ferradura ou misto.
Figura 1: Teatro Grego
IDADE MÉDIA

Já na Idade Média, o teatro renasce timidamente nas igrejas e monastérios, e assim como na Grécia, tinha seus princípios voltados para fins religiosos, sendo escritos e representados inicialmente pelos membros do clero. No entanto, eram apresentados também temas populares do cotidiano, com a participação dos fiéis como figurantes e, posteriormente, como atores. Ao contrário da maneira representada nos espaços físicos anteriormente, o teatro na Idade Média era encenado ao ar livre diante das catedrais, igrejas, no meio rural e na grande praça da cidade. Não havia nesse período um local específico unicamente para peças teatrais.
Figura 2: Pintura ilustrativa de um Teatro Medieval Francês
RENASCIMENTO

O teatro renascentista surge no contexto da decadência religiosa. Assim sendo, os temas religiosos perdem espaço dentro das ênfases teatrais. A partir desse momento o homem passa a ser o centro do universo teatral, e não apenas Deus. Nesse clima de mudanças dentro do próprio ambiente cênico, o espaço também é modificado. O palco torna-se um lugar onde as peças se desenvolvem sem interrupções, de modo rápido e com grande número de figurantes, havendo então uma inter-relação entre plateia e palco. Em relação frontal de oposição, os espectadores ficavam bem próximos dos atores e aplaudiam ou vaiavam conforme sua aprovação. O desenvolvimento tecnológico modificou todo o aparato técnico que cercava os espetáculos, levando os pintores renascentistas a utilizarem os cenários com o intuito de dar profundidade ao espaço do palco.
Figura 3: O interior do Comédie-Française, em Paris
CASA DA ÓPERA

A Casa da Ópera de Vila Rica, atual Teatro Municipal de Ouro Preto, foi inaugurada em 6 de junho de 1770 e é o teatro mais antigo em funcionamento das Américas, constando inclusive no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Tem o formato de lira e é um dos únicos no mundo a fazer referência ao instrumento que marca o nascimento da ópera. Foi construído pelo coronel João de Souza Lisboa e teve projeto arquitetônico - nos moldes do barroco italiano - realizado por Mateus Garcia.
Já no século XIX foi adquirido pelo governo provincial, sendo transferido para os cuidados da então Câmara Municipal da antiga Capital - Ouro Preto - na década de 1890, quando da mudança da capital para Belo Horizonte. Desde então o município passou a ser o responsável por sua preservação conforme pode ser visto no documento abaixo:
Figura 4: Documento referente à entrega das chaves do Teatro
Em 1993 a Casa da Ópera necessitou de uma reforma e aparelhamento devido ao estado precário em que se encontravam as instalações. O projeto foi assinado pelo renomado arquiteto e cenógrafo Raul Belém Machado, falecido em setembro de 2012.
Segue abaixo uma das plantas assinadas por Raul Belém na época da reforma:
Figura 5: Planta descritiva assinada por Raul Belém Machado
No dia 23 deste mês, após uma vistoria, a Casa da Ópera foi interditada pelo Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, por falta de extintores, problemas na estrutura e danificações na parte elétrica. A população do município espera que as devidas medidas sejam tomadas a fim de que um dos grandes símbolos de Ouro Preto volte a funcionar.
Encontra-se disponível para pesquisa no APMOP, o dossiê referente ao projeto de Raul Belém, além de fotos e outras especificações.
Figura 6: Casa da Ópera, Ouro Preto
Referências:
FIGURAS 1, 2 e 3: Disponível em: [http://dc423.4shared.com/doc/iKjqVHXh/preview.html]. Acesso em: 28-abr-2014.
FIGURA 4: APMOP - Fundo: CMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1897
FIGURA 5: APMOP - Fundo: PMOP - Caixa: Obras Públicas - Ano: 1994
FIGURA 6: Disponível em: [http://pacotesturisticos.sendtur.com.br/ouro-preto-terra-das-artes-barrocas/]. Acesso em: 29-abr-2014.
[POSTAGEM: Miguel Pereira e Eric Vinícius Pinto Megale (estagiários) - REVISÃO: Helenice Oliveira e Polyana Oliveira]