OURO PRETO E AS MOBILIZAÇÕES NACIONAIS EM 1983

2013 está sendo um ano que pode mudar muita coisa no futuro do Brasil. A mobilização que estamos vivendo em busca de nossos direitos de educação, saúde, justiça social e econômica, fim da corrupção, transporte público de qualidade, etc. tem tirado a população de suas casas e as levado para as ruas em marchas de protestos. Há 30 anos atrás, o ano de 1983 também foi historicamente marcado pela grande mobilização em busca de melhorias no país. No acervo do APMOP encontram-se informativos, notas de jornais, correspondências recebidas pela Prefeitura de Ouro Preto e convites objetivando mudanças políticas, sociais e econômicas.

As principais reivindicações presentes na documentação envolvem o Movimento Diretas Já, mobilização dos trabalhadores contra a exploração, movimento estudantil, seminários e palestras envolvendo dentre outros temas, a questão do transporte público e a discussão entre prefeitos e vereadores em seminários regionais e nacionais.

Iniciando pelos acontecimentos de 1983 em Ouro Preto, apresentamos “A CARTA DE OURO PRETO – Ao Povo Brasileiro”. Assinada por políticos de variados locais, populares e artistas como Ziraldo, o teor da carta é de apoio às manifestações para a aplicação de eleições diretas na escolha dos governantes. Projeto de Lei do Deputado Federal Dante de Oliveira, o direito ao voto direto mobilizou populares, governantes e a classe artística, envolvida também nos acontecimentos do período de ditadura militar. 

Fundo PMOP - Estante 10 - Caixa 20 - Série: Governo  - Sub-série: Gabinete - 1972-1986

Ouro Preto como uma das mais importantes cidades do país esteve fortemente envolvida com os processos de redemocratização nacional e recebeu inúmeros convites e informativos de várias cidades sobre as marchas de protestos. Em fevereiro de 1984, a Prefeitura de Rio Claro – SP enviou para a PMOP um informativo sobre a criação da “FRENTE INTERPARTIDÁRIA DE PREFEITOS PELAS ELEIÇÕES DIRETAS”, com encontro marcado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

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Ainda em fevereiro de 1984, a Prefeitura de Guarulhos, informa à PMOP sobre a “Marcha das Diretas” que irão realizar com uma grande concentração popular, esperando a presença de seus setecentos mil habitantes, que iriam para as ruas e assinariam documento pedindo o voto direto de seus governantes.

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Em julho de 1984, a “FRENTE MUNICIPALISTA NACIONAL PELAS DIRETAS E CONSTIUITNTE” de São Paulo – SP envia à PMOP um informativo do manifesto da “Frente” bem como aponta propostas mínimas para o candidato à presidência da República como reforma agrária, política habitacional, fim do arrocho salarial e da lei de greve, dentre outras propostas.

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Em setembro de 1984, as autoridades do município de Caeté – MG enviam à PMOP uma carta informando sobre o lançamento da “CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA”, marcada para o dia 07 de setembro, onde será lido a “Carta Manifesto de Caeté” sobre a causa.

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A população estava totalmente mobilizada. Sendo assim, além das Diretas Já, foram surgindo uma série de reivindicações como as das classes trabalhadoras. Em março de 1984, foi realizado o “I Congresso Regional das Classes Trabalhadoras do Vale do Aço – MG”, organizados pela CUT e CONCLAT. O seminário tinha como escopo discutir a necessidade da união da classe para que eles conseguissem atingir seus objetivos de mudança e valorização da classe.

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Em Ouro Preto, em maio de 1983, as instituições de apoio aos trabalhadores, CALN, DAEM, CALF, DAJCHC e PT – Ouro Preto, apresentaram através da carta a seguir sua insatisfação com o desemprego, corrupção do Governo Federal, más condições e exploração do trabalhador. Prestam também homenagem a trabalhadores assassinados em Chicago – EUA, e oferecem total apoio aos Estudantes da UFOP que na época também se encontravam em greve, protestando o direito de ensino público de qualidade.

Fundo PMOP - Estante 10 - Caixa 07 - Série: Governo  - Sub-série: Correspondências Recebidas- 1980-1983

Em março de 1893, como já havia citado, os estudantes da UFOP estiveram em greve por seus direitos de ensino gratuito e de qualidade. Abaixo temos notas de jornais da época sobre o acontecido. Além das exigências de qualidade de ensino os alunos protestavam contra a portaria que criaria uma taxa a ser paga semestralmente pelos alunos, além de aumento na tarifa paga nos Restaurantes Universitários.

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A paralisação também foi aderida, em março de 1983,  pelos servidores públicos de todo o Estado de Minas Gerais. Contra ao não atendimento de suas reivindicações pelo governo, os servidores decidiram fazer um dia de greve. Nesta nota lançada no jornal Diário de Minas de Belo Horizonte, os servidores informam também sobre a realização do “I Congresso do Servidor Público de Minas Gerais”.

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Entre as manifestações de 1983 e 2013 podemos apontar inúmeras semelhanças e algumas diferenças. O importante a ser destacado é o poder da mobilização popular para a correção dos rumos que o país deve tomar, sobre a importância não só da democracia representativa através de partidos ou sindicatos, mas, da democracia participativa em que a voz de cada cidadão tem poder ativo de decisão.

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[Postagem: Vanessa pereira Silva (Estagiária) - Revisão: Helenice Oliveira e João Paulo Martins]